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Tropas holandesas se retiram do Afeganistão depois de quatro anos

Cabul - As forças holandesas passaram neste domingo o comando da província de Uruzgán (sul) para as forças internacionais, ao término de sua missão de quatro anos no Afeganistão. Os holandeses fizeram a transferência de comando durante uma cerimônia em Kamp Holland, Uruzgán, sua principal base no Afeganistão. "A comunidade internacional e a Otan ajudam o Afeganistão a se apoiar em suas próprias pernas (...) A Holanda assumiu sua responsabilidade e lutou pela segurança e pela reconstrução do Afeganistão", declarou o ministro holandês das Relações Exteriores, Maxime Verhagen, citado em um comunicado. Os holandeses serão substituídos por soldados americanos, australianos, eslovacos e cingapurianos. Após a saída do contingente holandês, a Otan "manterá suas atuais capacidades, sobretudo, em relação às unidades de combate, à formação e à reconstrução", afirmou o comandante Joel Harper, porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf). No total, 1.950 militares holandeses estavam mobilizados no Afeganistão desde 1º de agosto de 2006, principalmente em Uruzgán, província do sul do país, onde os talibãs são muito ativos. Vinte e quatro soldados morreram na missão. Em uma entrevista publicada na quinta-feira por um jornal holandês, um porta-voz dos talibãs, Yusuf Ahmadi, manifestou sua satisfação pela retirada holandesa. A Otan desejava uma prolongação de um ano (até agosto de 2011) da presença das forças holandesas, mas as divergências sobre este assunto provocaram em 20 de fevereiro a queda do governo na Holanda, e, com isso, a missão não não pode ser estendida. A Holanda ficou encarregada, entre outras coisas, da construção de uma estrada asfaltada entre Tarin Kowt e Chora, as duas cidades mais populosas de Uruzgán, e do treinamento de 3.000 soldados afegãos. Desde o início da missão, que custou 1,4 bilhão de euros ao governo holandês, o número de ONGs presentes em Uruzgán passou de seis para 50. O número de escolas duplicou, chegando a 179. A estratégia holandesa, chamada "3Ds" -desenvolvimento, diplomacia e defesa- foi considerada um exemplo pela comunidade internacional. O contingente holandês é o primeiro dos grandes países colaboradores das forças da Otan a deixar o Afeganistão, cerca de nove anos depois da queda dos talibãs.