Jornal Correio Braziliense

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Casa Branca implora a site por segredo

EUA temem que divulgação de novos dados pelo WikiLeaks ponha a vida de americanos em perigo

A Casa Branca implorou ao WikiLeaks ; site que já divulgou quase 77 mil relatórios secretos sobre a atuação das forças dos Estados Unidos na guerra do Afeganistão ; que pare de publicar os documentos oficiais em seu poder. Questionado pelo programa Today, da rede de TV NBC, sobre o que o governo do presidente Barack Obama poderia fazer para impedir a divulgação de novas informações, o porta-voz da Presidência dos EUA, Robert Gibbs, foi direto: ;Não podemos fazer nada, a não ser implorar à pessoa que tem esses documentos classificados como altamente secretos que não os divulgue;. Enquanto isso, o Pentágono intensifica as investigações sobre o vazamento. Uma das medidas tomadas pelo Departamento de Defesa foi transferir o soldado Bradley Manning, suspeito de ter entregue os relatórios ao site, do Kuweit para uma prisão no estado norte-americano de Virgínia. Gibbs explicou que a divulgação de novos dados pode colocar em risco a vida de informantes e de militares no Afeganistão. O porta-voz alertou que as informações publicadas no último domingo já provocaram muitos danos à segurança nacional, uma vez que contêm métodos de ação das tropas, além da identidade de fontes e de soldados. Os relatórios, elaborados entre 2004 e 2009, revelam ligações entre autoridades paquistanesas com o grupo fundamentalista Talibã e a existência de unidades secretas dos Estados Unidos para capturar e matar insurgentes. Também divulgam um número de morte de civis no Afeganistão maior que o das cifras oficiais. Segundo a revista norte-americana Newsweek, os talibãs garantiram que vão procurar as pessoas que aparecem nos relatórios para retaliação. O programa de TV britânico Channel 4 News, citado pela agência de notícias Associated Press, destacou que Zabihullah Mujahid, porta-voz do grupo, assegurou que os documentos vazados estão sendo analisados cuidadosamente. ;Vamos investigar com nosso próprio serviço secreto se as pessoas mencionadas são realmente espiões trabalhando para os EUA. Se forem, sabemos como puni-las;, alertou Mujahid, em entrevista por telefone. Suspeito Bradley Manning, de 22 anos, foi transferido ontem do Kuweit para a base militar de Quântico, na Virgínia. Ele é o principal suspeito de ter fornecido ao site WikiLeaks os mais de 90 mil relatórios secretos sobre a guerra no Afeganistão e um vídeo de um ataque de soldados norte-americanos a civis no Iraque em 2007. Analista de inteligência, o militar havia sido preso, em maio, por ter acessado 260 mil documentos oficiais e vazado parte deles para o mesmo site. Ele aguardará o julgamento nos EUA por ter repassado o vídeo de 2007. O Pentágono e o FBI (a polícia federal dos EUA) investigam ambos os casos. O fundador da página na internet que publicou os documentos, Julian Assange, nega conhecer a identidade de sua fonte.