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Igreja na Flórida convoca dia da queima do Alcorão

Uma igreja cristã da Flórida está organizando o "dia internacional da queima do Alcorão" em 11 de setembro, no nono aniversário do ataque terrorista às Torres Gêmeas, iniciativa que grupos muçulmanos afirmam ser parte de um aumento da islamofobia nos Estados Unidos.

A igreja "Alcançar Um Mundo de Paz" convocou a queima de exemplares do Alcorão em frente ao templo de Gainville, a mais de 500km ao norte de Miami, e pediu que outros centros religiosos somem-se à proposta para lembrar os mortos de 11 de setembro de 2001 e enfrentar "o demônio do Islã".

"Lamentavelmente, nesse estado e em todo o país, a islamofobia está aumentando", disse à AFP Ramsey Kilic, porta-voz do Centro de Relações Islâmico-Americanas (Cair).

A entidade disse que não adotará nenhuma ação para evitar a iniciativa. "O que nos preocupa é o sentimento anti-islâmico que se cria, que essa ação legitima e que pode gerar ataques contra mesquitas ou contra algum muçulmano nas ruas", disse Kilic.

O ato tem um grupo no Facebook (International Burn a Koran Day), que nos últimos dias recebeu ameaças cruzadas e comentários xenófobos entre partidários e críticos da iniciativa, e visitantes de diferentes credos.

Por outro lado, membros de um fórum criado pelo grupo da jihad islâmica Al-Falluja reagiram com virulência ao saber da convocação e ameaçaram provocar "rios" de sangue de americanos para responder à ofensa da igreja da Flórida ao livro sagrado do Islã.

Em página da web (www.doveworld.org), a igreja tem uma programação de atividades na qual figura, além do dia internacional da queima do Alcorão em 11 de setembro, a convocação em 2 de agosto de um ato contra a homossexualidade.

A igreja oferece na página a venda, por US$ 20, de camisetas com a inscrição "O Islã é do Demônio" e um livro com o mesmo título, cujo autor é o pastor e organizador desse centro religioso, Terry Jones.

"Ao queimar o Alcorão, estamos dizendo basta ao Islã, basta à lei islâmica e basta à brutalidade. Não temos nada contra os muçulmanos, são bem-vindos em nosso país", disse Jones na quinta-feira à emissora CNN.

O pastor não foi encontrado pela AFP.