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Sarkozy endurece o tom sobre a segurança e a imigração

O presidente Nicolas Sarkozy declarou hoje (30/7) "guerra" à criminalidade e anunciou um endurecimento da política de segurança e imigração.

Nicolas Sarkozy reiterou a vontade de realizar "uma guerra nacional" contra "vadios e traficantes" num forte pronunciamento em Grenoble (centro-leste), onde ocorreram recentemente três noites de violência após a morte de um delinquente durante um tiroteio com a polícia.

[SAIBAMAIS]O chefe de Estado anunciou a intenção de retirar a nacionalidade francesa "de todas as pessoas de origem estrangeira que tenham volutariamente atentado" contra a vida de um policial ou gendarme.

Atualmente, a retirada de nacionalidade é limitada a casos excepcionais, como o terrorismo. O governo pretende incluir a poligamia nessa iniciativa.

O presidente deseja, igualmente "que a aquisição da nacionalidade francesa por um menor que tenha cometido crimes não seja mais automática, no momento da maioridade".

Nicolas Sarkozy também prometeu "estabelecer uma pena de prisão sem direito a qualquer benefício, de 30 anos, para os assassinos de policiais ou de gendarmes, um tema que deverá ser discutido pelo Parlamento depois do recesso".

Essa retomada do interesse do chefe de Estado pela questão da segurança, que foi um dos motivos do sucesso no pleito de 2007, data de há alguns meses. Após as eleições regionais catastróficas para a direita, em março, ele começa a preparação para as presidenciais de 2012.

Atualmente complicado por um assunto político-fiscal, no qual está envolvido o ministro do Trabalho Eric Woerth, encarregado da reforma crucial das aposentadorias, e no ponto mais baixo nas sondagens, Sarkozy quer se apoiar em pesquisas mostrando que a delinquência ainda é uma forte preocupação dos franceses.

Nesta semana, o governo já anunciou um endurecimento da política de desmantelamento de acampamentos ilegais de ciganos vindos da Europa central.

"Devemos pôr um ponto final nesses acampamentos. Eles constituem zonas de não-direito que ;não se pode tolerar", repetiu nesta sexta-feira Nicolas Sarkozy.

Ele também desejou "uma avaliação dos direitos e prestações de serviços aos que têm acesso, hoje, os estrangeiros em situação irregular". Isto pode significar o questionamento da ajuda médica gratuita aos ilegais.

"Fazer um discurso sobre a criminalidade centrada, apenas, na retirada de nacionalidade, na imigração, após ter mantido uma reunião no palácio do governo sobre os ciganos e os Romas, é o mesmo que assimilar estrangeiros e pessoas de origem estrangeira à delinquência", indignou-se a Liga do Direitos do Homem (LDH).

A oposição socialista reprova a Sarkozy "falar muito para fazer esquecer o fracasso" em relação à segurança desde 2002, quando foi ministro do Interior e, depois, presidente, destacando que o chefe de Estado é "responsável pela supressão de 11 mil postos de trabalho de policiais e gendarmes desde 2007.