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Presidente da Câmara italiana desafia Berlusconi

Gianfranco Fini lançou hoje (30/7) um desafio ao ex-aliado Silvio Berlusconi, recusando-se a pedir demissão da Presidência da Câmara dos Deputados e se colocando como defensor da "legalidade" na Itália, em um momento de deserções nas tropas do governo.

Trinta e dois aliados anunciaram que deixavam o Partido do Povo da Liberdade (PDL), a grande formação de direita fundada em março de 2009 por Berlusconi. Esses deputados, entre os quais estão vários ministros, criaram um grupo autônomo na Câmara baixa, "Futuro e Liberdade para a Itália", o que poderá deixar o chefe de governo sem a maioria absoluta.

Fini anunciou que esses políticos "não hesitarão em se opor a escolhas do Executivo injustas ou contrárias ao interesse geral", mas que "apoiarão" o governo quando apresentar medidas que estiverem em conformidade com o programa do PDL.

Ontem à noite, após meses de tensões crescentes entre os dois aliados, Berlusconi pressionou Fini a deixar a Presidência da Assembleia por considerar as posições "incompatíveis" com as do partido.

"Evidentemente, não me demitirei porque todos sabem que o presidente deve garantir o respeito à Constituição e à conduta imparcial da atividade da Câmara, e não apenas à maioria que o elegeu", respondeu Fini, apresentando-se como garantidor da "legalidade".

Berlusconi tinha até aqui uma confortável maioria -342 assentos, enquanto a maioria absoluta é de 316, graças principalmente ao apoio do partido populista da Liga do Norte, outro grande aliado. Mas ele poderá ter dificuldades a partir de agora para aprovar textos cruciais, como as reformas da justiça, e terá de tentar negociar com deputados indecisos.

Apesar de alguns políticos da oposição já considerarem o governo acabado, Berlusconi afastou esse panorama. "Não há risco algum. Temos uma maioria", assegurou "Il Cavaliere", rejeitando a possibilidade de eleições antecipadas antes de 2013.