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Chefe da polícia secreta de Pinochet diz que CIA matou general Prats

Manuel Contreras, que foi o chefe da polícia secreta da ditadura de Augusto Pinochet, negou ter ordenado o assassinato do ex-comandante-em-chefe do Exército chileno, Carlos Prats, e atribuiu o crime à Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

"A CIA mandou matar o general Prats", declarou Contreras, ex-chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina), órgão repressor da ditadura de Pinochet, em entrevista ao canal Chilevisión.

O antigo chefe da DINA, polícia secreta do regime militar, acrescentou que "lamenta muito" a morte desse oficial, que foi seu professor na Academia Militar.

Contreras, que recentemente foi condenado a 17 anos de prisão pelo assassinato do general Carlos Prats (opositor de Pinochet) e sua esposa, descartou ter sido agente pago da CIA. "Nunca recebi um centavo da CIA, nem para a DINA nem para mim", assegurou.

Contreras também negou que a DINA tivesse assassinado inocentes. "Nós não matamos ninguém que não fosse terrorista (...) Não mandei matar ninguém. Se havia um terrorista que lutava contra nós, era matar ou morrer (...) Não tenho as mãos manchadas de sangue", sentenciou, dizendo-se "orgulhoso" por ter "eliminado o terrorismo no Chile" .

O regime de Pinochet (1973-1990) deixou 3.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos. Mais de 550 militares e policiais são processados por esses crimes. Cerca de 200 foram condenados, mas apenas 65 cumprem prisão efetiva.

A Suprema Corte chilena abrandou claramente na quinta-feira a pena pronunciada contra Contreras no caso dos assassinatos de Prats e de sua esposa, mortos na explosão de seu carro em Buenos Aires, onde estavam exilados.

Ele deverá cumprir apenas 17 anos de prisão por este caso, em vez da dupla condenação à prisão perpétua pronunciada em apelação.

Contreras, que sofre de câncer e diabetes, está preso em uma caserna militar e deve cumprir no total 400 anos de prisão por quarenta condenações por violações dos Direitos Humanos durante a ditadura.

Cerca de 560 militares e policiais foram processados por crimes similares. No total, 200 foram condenados, mas somente 65 cumprem efetivamente pena de prisão.