A última vez que Noemia Sauvet, um dos 1.895 moradores do vilarejo de Féchain (norte da França), falou com Dominique Cottrez foi em 2006. Na mesma época em que a assistente social de 45 anos deu à luz mais uma vez, sufocou o recém-nascido, embalou o pequeno corpo em um saco plástico e o escondeu em casa. Dominique repetiu o crime oito vezes, sem que Noemia nem o próprio marido sequer suspeitassem das gestações. ;Ela é mãe de uma amiga. Jamais imaginei que fosse capaz disso;, contou Noemia ao Correio, pela internet. Até as 11h de ontem, o nome da acusada do pior caso de infanticídio da história da França estava na lista de amigos de Noemia, no site de relacionamentos Facebook ; a página de Dominique foi apagada depois. ;Conversei com ela algumas vezes e jamais me pareceu deprimida. É uma pessoa normal, como qualquer uma;, disse. ;Estou chocada.;
Enquanto Noemia falava com a reportagem, Dominique admitia os crimes, cometidos entre 1989 e 2007, em Villers-au-Tertre, uma pequena cidade de 680 habitantes situada a apenas 4,6km de Féchain. Indiciada pelo ;assassinato consentido de menores de 15 anos;, a agora réu confessa pode ser condenada à prisão perpétua. ;Ela estava completamente ciente das gestações e disse que não desejava mais filhos;, afirmou Eric Vaillant, promotor de Justiça encarregado do caso. ;O primeiro parto foi complicado, por causa de sua corpulência. Por isso, ela não quis ver um médico para (adotar) um método contraceptivo;, acrescentou. Em vez de evitar a gravidez, matou.
De acordo com o jornal francês Le Figaro, o infanticídio em série veio à tona no último sábado, quando os novos donos de uma casa vendida pelo pai de Dominique cavaram o jardim, a fim de instalarem um lago artificial. Encontraram restos mortais em duas sacolas plásticas enterradas e chamaram a polícia, que logo inocentou o jovem casal. As investigações mudaram o foco para o antigo proprietário da mansão. Na terça-feira, Dominique admitiu ser mãe dos dois bebês mortos e levou os agentes à garagem de sua atual residência, a um quilômetro da antiga casa.
Na garagem, foram descobertos mais seis corpos de recém-nascidos, também acondicionados em sacos plásticos e bem escondidos. O marido de Dominique, o carpinteiro Pierre-Marie, chegou a ser detido por suposta cumplicidade, mas foi liberado depois que a mulher garantiu ter feito tudo sozinha. Segundo ela, Pierre nem sequer sabia de suas gestações ; que teriam sido confundidas com o excesso de peso. O caso chocou a França. ;Não tenho mais nada a dizer sobre Dominique. É uma pessoa amável, agradável, prestativa e generosa;, desabafou Noemia.