A mãe de oito recém-nascidos encontrados mortos nesta semana em Villers-au-Tertre (norte da França), confessou hoje (29/7) ter assassinado as crianças, explicando que não "queria mais ter filhos", inocentando o marido do maior caso de infanticídio já visto na França.
Dominique Cottrez disse aos investigadores que havia sufocado os bebês logo depois do nascimento, e "sabia plenamente de suas gravidezes", declarou o procurador de Douai, Eric Vaillant.
Essa mulher de 45 anos explicou que "não queria mais filhos e que não queria consultar médicos sobre métodos contraceptivos", acrescentou o magistrado. O primeiro parto foi "complicado pela corpulência e, por isso, ela não queria mais ter filhos".
Dominique Cottrez e o marido Pierre-Marie, carpinteiro, são pais de duas moças de 20 anos, já mães.
Apresentada nesta quinta-feira a um juiz de instrução, Cottrez foi investigada por "homicídios voluntários de menores de menos de 15 anos". Ela pode ser condenada à prisão perpétua.
Especialistas deverão ser acionados para indicar o nível de responsabilidade penal. Ela já expressou arrependimento e assegurou que não havia "outro corpo escondido", segundo o procurador.
Os corpos das crianças, nascidas entre 1989 e 2006/2007, não apresentam marcas de agressão, de acordo com os primeiros resultados das autópsias. Ela também afirmou que o marido não sabia das gravidezes nem dos homicídios.
No último sábado, os novos proprietários de uma casa, que havia pertencido antes aos pais de Dominique Cottrez, fizeram a primeira descoberta no jardim. Enquanto se preparavam para replantar uma árvore, eles se depararam com os ossos de dois recém-nascidos que estavam em sacos plásticos enterrados. Chocados, alertaram a polícia.
Dominique Cottrez rapidamente confessou, depois, que os outros corpos de recém-nascidos estavam na garagem da residência. "Na terça-feira à tarde, encontramos mais seis corpos de bebês", disse o procurador.
Eles estavam escondidos em sacos hermeticamente fechados, embaixo de diferentes objetos, como vasos de plantas ou material de jardinagem.
O casal Cottrez é descrito pelos vizinhos como pessoas sem história. O pai fez parte do Conselho Municipal de Villers, pequena cidade pacata de 620 habitantes. "Era bondoso, alguém respeitável", explicou o prefeito, Patrick Mercier.
Com relação à mãe, "é uma pessoa que saía muito pouco, que participava pouco da vida da cidade", disse. Ela tinha "um problema de peso", que poderia, segundo ele, explicar que as gravidezes tivessem passado despercebidas.
Hoje, o padre da cidade, o abade Robert Meignotte, colocou oito pequenas velas diante do portão da casa do casal "para essas crianças que não pediram para nascer e que foram jogadas fora algumas horas depois".
Os infanticídios múltiplos de recém-nascidos não são excepcionais, embora esse caso seja o de mais destaque na França em 30 anos.
O caso mais conhecido foi o dos "bebês congelados" do casal Courjault, quando Véronique Courjault, 41 anos, foi condenada em 18 de junho de 2009 a oito anos de prisão pelo assassinato de três recém-nascidos, cometido em 1999, na França, em 2002 e em 2003 na Coreia do Sul, sem que o marido soubesse.