Cerca de 30 chefes de Estado africanos decidiram reforçar o orçamento, os equipamentos e o pessoal da missão de paz que atua na Somália (Amisom). Eles participaram, entre domingo (25) e hoje (27) da reunião de cúpula da União Africana, em Kampala, capital de Uganda, a poucos quilômetros de onde duas bombas mataram 76 pessoas durante a final da Copa do Mundo, em 11 de julho.
Os atentados foram reivindicados pelo grupo islâmico Al Shabaab, que anunciou que as explosões foram uma resposta aos ataques a civis feitos pelos soldados da missão de paz.
Ficou decidido que mais dois mil soldados vão integrar o grupo instalado em Mogadíscio, capital somali, que hoje tem cerca de seis mil militares de Uganda e do Burundi.
A decisão de fortalecer a força de paz responde a pedido de um grupo de países da região leste do continente, que integram o Intergovernmental Authority for Development (Igod). Entretanto, a força não deverá fazer ataques preventivos ou perseguir os grupos extremistas. Mesmo se aprovada pelos líderes africanos, essa mudança no mandato da missão dependeria também do aval da Organização das Nações Unidas (ONU).
O terrorismo ocupou o centro do encontro de três dias, que teria o combate à mortalidade infantil e os problemas da saúde da mulher como principais temas. Pelas estatísticas apresentadas, uma parturiente morre a cada 16 nascimentos de bebês no Continente Africano.
Outro tema que ficou em segundo plano foi a polêmica proposta de criação dos Estados Unidos da África, defendida pelo presidente da Líbia, Muhamar Kadafhi. Segundo a imprensa do país, US$ 90 bilhões estão à disposição para unir as Forças Armadas, para o combate à aids e o fortalecimento da representação africana na arena internacional.
Para o professor Antonio Gaspar, do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais de Moçambique, que estuda o tema desde que ele foi lançado, em 1999, só o dinheiro não basta para que a ideia vá adiante. ;Pode-se pensar que, hipoteticamente, o continente estaria mais unido com os Estados Unidos da África;, diz ele. ;Mas isso é bastante discutível, pois há problemas muito sérios dentro dos países e entre eles também.;
Gaspar explica que, com o presidente líbio, estão alinhados os países francófonos, que querem que o projeto ande já. Do outro lado, os que pedem mais calma no processo, estão a África Austral e ocidental anglófona - África do Sul à frente. Outro que pediu paciência ao discutir o assunto nesta semana foi o presidente angolano, José Eduardo dos Santos.