Em meio a mais uma rodada de sanções ao Irã, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (27/7), durante viagem ao Oriente Médio, que um eventual conflito armado envolvendo o país terá consequências ;trágicas;. Amorim disse que os esforços do Brasil são na tentativa de reconstruir o diálogo entre o governo iraniano e a comunidade internacional.
Em entrevista à BBC Brasil, o chanceler disse que o Brasil continua considerando o diálogo, e não o isolamento, o melhor caminho para resolver a questão do projeto nuclear iraniano. Ao ser perguntado sobre os resultados de um eventual confronto armado envolvendo o Irã, Amorim afirmou que: "(As consequências podem ser) absolutamente trágicas."
Porém Amorim reiterou a expectativa de que será possível buscar um acordo e evitar o agravamento da crise já existente. ;Mas prefiro apostar na paz. E temos que continuar trabalhando para evitar que isso (confronto) aconteça;, disse ele, lembrando que o Brasil não tem obrigação de acompanhar os países europeus, o Canadá e o Estados Unidos e apoiar as sanções unilaterais decretadas.
A rodada de sanções, aprovada ontem pela União Europeia e pelo Canadá, define a suspensão dos investimentos nos setores de gás e petróleo no Irã. Houve ainda uma orientação para ampliar a vigilância e a fiscalização sobre os bancos iranianos, além da adoção de restrições aos voos de carga. Segundo diplomatas, as medidas são mais duras do que se havia previsto inicialmente.
Para Amorim, é fundamental tentar negociar um acordo. Segundo ele, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tem demonstrado essa disposição. No último domingo, o chanceler brasileiro se encontrou com os ministros das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, e do Irã, Manuchehr Mottaki.
Durante a conversa, eles decidiram retomar os esforços para tentar negociar o acordo de troca de urânio ; definido em maio, mas logo em seguida rejeitado pela comunidade internacional, que optou pela imposição de sanções por meio do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em 17 de maio, o Brasil e a Turquia intermediaram um acordo com o Irã na tentativa de acabar com a crise gerada pelo desenvolvimento do programa nuclear daquele país. Pelo acordo, o Irã envia 1,2 mil tonelada de urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em troca, no prazo de até um ano, receberá 120kg do produto enriquecido a 20%.