Jornal Correio Braziliense

Mundo

Fragmento de código de lei de 3,7 mil anos é descoberto em Israel

Arqueólogos israelenses anunciaram hoje (26/7) a descoberta, pela primeira vez fora da Mesopotâmia, de um fragmento de um código de lei, com 3,7 mil anos de idade, parecido com o famoso Código de Hamurabi.

"É a primeira vez que um fragmento de um código de lei é descoberto na Terra Santa e, até mesmo, fora da Mesopotâmia", explicou à AFP o chefe da equipe de pesquisas, o arqueólogo Amnon Ben-Tor, da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Esse texto remonta a 10 séculos antes da suposta redação da Bíblia (século VII antes de Cristo).

Ben-Tor indicou que se trata "de um fragmento muito pequeno de argila (2cm por 1,5cm) em escrita cuneiforme acadiana, com quatro linhas muito próximas dos dois lados da tábua".

O fragmento foi descoberto há alguns dias no sítio da cidade cananeia de Hazor, norte de Israel.

"O texto se refere às regras que regiam as relações entre mestres e escravos", indicou à AFP o professor Wayne Horowitz, responsável pela decriptação. "Essas linhas que evidenciam um conteúdo legal confirmam a ligação entre o reino de Hazor e os reinos da Síria do norte", considerou.

Localizada no norte da Galiléia, Hazor foi uma das principais cidades do Crescente Fértil durante a idade de bronze. Situada na estrada que liga o Egito à Ásia, Hazor comercializava estanho com as cidades da Babilônia e da Síria para alimentar a indústria do bronze. A cidade também mantinha ligações políticas e econômicas estreitas com a Mesopotâmia, entre o Tigre e o Eufrates (hoje, Iraque e nordeste da Síria).

Hazor prosperou sobretudo durante a metade do período cananeu (1.750 antes de Cristo) e foi a maior cidade fortificada de Israel durante o período israelita (século IX antes de Cristo). A Bíblia se refere a Hazor como "a cabeça de todos esses reinos" cananeus (Josué 11:10).

O Código de Hamurabi (por volta de 1.750 antes de Cristo) é um dos mais antigos códigos de lei, o primeiro quase completo.

Texto babilônio não religioso, mas de inspiração divina, elaborado sob a autoridade do rei Hamurabi, ele prolonga juridicamente a obra militar e política do fundador do reino da Babilônia.

Esse código está atualmente no Museu do Louvre em Paris, mas uma cópia também está exposta no museu arqueológico de Teerã.