A Europa e o Canadá adotaram hoje (26/7) sanções de amplitude sem precedentes contra o Irã e o setor energético para pressionar Teerã a retomar as negociações sobre o programa nuclear controverso, uma estratégia que parece estar fazendo efeito.
A decisão da UE foi tomada durante uma reunião dos ministros das Relações Exteriores em Bruxelas. Em meio a isso, o governo canadense anunciou medidas de caráter semelhante.
A série de medidas europeias e canadenses transpõem em parte aquelas adotadas em 9 de junho pelo Conselho de Segurança da ONU, uma vez que o Irã se recusa a suspender as atividades de enriquecimento de urânio, desmentindo as premissas de que estaria construindo armas atômicas. Mas elas também vão muito mais longe.
"Esse é o pacote de sanções mais importante que a UE já adotou contra o Irã ou outro país qualquer", destacou um diplomata.
Os dois países querem atingir principalmente o setor das indústrias de petróleo e gás. A partir de amanhã, a UE proibiu qualquer novo investimento, assistência técnica ou transferência de tecnologia, especialmente para o refino de petróleo e a liquefação de gás.
Esse domínio é sensível: apesar de o Irã ser o quarto produtor mundial de petróleo, o país importa cerca de 40% da gasolina porque não tem capacidade de refinar e satisfazer a demanda interna.
Além da energia, o setor iraniano do transporte por frete, via mar ou ar, será duramente atingido - o controle em portos europeus ou em alto mar será reforçado.
As trocas comerciais devem ser dificultadas, a atividade de oito novos bancos iranianos será proibida, as transações financeiras superiores a 40 mil euros com o Irã sem autorização especial serão interditadas e a lista de pessoas privadas de vistos ou vítimas de congelamento do direito vai sofrer um aumento visível.
"Espero que o Irã tenha entendido a mensagem. Os países europeus estão abertos a negociações sobre o programa nuclear, mas, se ele não responder, nós vamos pressionar ainda mais", preveniu o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague.
O Irã transmitiu hoje uma resposta às perguntas do Grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia, França) relembrando a proposta de troca de combustível nuclear feita em maio pelo país, ao lado do Brasil e da Turquia. Oferta julgada, na época, insuficiente pelas grandes potências.
Para o secretário de Estado francês das Relações Europeias, Pierre Lellouche, o objetivo das medidas é encaminhar o impasse a uma solução diplomática, mas para isso Teerã precisa aceitar discutir "seriamente" o programa nuclear. A proposição Irã-Turquia-Brasil "não resolvia todo o problema", argumentou.
Os europeus ainda têm esperança de que as negociações entre Irã e grandes potências do grupo 5 1 possam recomeçar em meados de setembro.