Mapas de satélite, onde se veem estruturas no meio do nada, coordenadas precisas de acampamentos e fotos de rebeldes comendo carne de porco tranquilamente: a Colômbia exibiu, durante sessão extraordinária da Organização de Estados Americanos, um arsenal de "provas" que, em sua opinião, confirmam a presença guerrilheira na Venezuela.
A documentação provaria a "presença consolidada, ativa e crescente destes bandos de terroristas", afirmou o embaixador da Colômbia, Luis Hoyos, em uma longa apresentação de duas horas durante a sessão da OEA, na quinta-feira. Hoyos afirmou, com base nas provas, obtidas pela inteligência colombiana, imagens de satélites, testemunhos de rebeldes desertores ou capturados e encontradas em HDs de computadores de guerrilheiros, que na Venezuela há 1.500 rebeldes em dezenas de acampamentos.
A apresentação, após a qual o presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou que seu país rompia relações com a Colômbia, concentrou-se, pela importância, em um "núcleo" que reúne vários acampamentos da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Fazendo uso de mapas de satélite, ampliados e com coordenadas obtidas por GPS, Hoyos mostrou imagens aéreas borradas de estruturas situadas a 23 km da fronteira colombiana, no estado venezuelano de Zulia.
[SAIBAMAIS]Estas estruturas formariam um centro de acampamentos das Farc, entre eles um do líder guerrilheiro Iván Márquez, que teriam permanecido por vários anos em território venezuelano e que, ao contrário dos instalados na selva da Colômbia, seriam acessíveis por estradas.
O acampamento de Márquez é um dos cinco com coordenadas precisas, quatro deles das Farc e um do Exército de Libertação Nacional (ELN), que pertence a Carlos Marín Guarín, codinome Pablito. Além disso, haveria entre 20 e 39 acampamentos mais, situados em todos os estados venezuelanos fronteiriços com a Colômbia: Zulia, Táchira, Apure e Amazonas.
Hoyos mostrou dezenas de fotos e vídeos com o dia a dia dos guerrilheiros no acampamento de Zulia. Em algumas, aparecem vários líderes das Farc cozinhando carne de porco em uma fogueira. Em outra pode-se ver uma bandeira da Venezuela na parede de um acampamento.
Em um vídeo, Iván Marquez aparece com ar tranquilo, escrevendo em um computador, fumando um cigarro e rindo. Demonstram tão pouco temor de serem atacados que os guerrilheiros usam estes acampamentos como "centros de férias" para "engordar", disse Hoyos.
Pelo centro de acampamentos passaram outros líderes das Farc, como Rodrigo Granda, Timoleón Jiménez - aliás Timochenko - e Germán Briceño - aliás Grannobles. Segundo Hoyos, ali também há um campo de treinamento de atividades terroristas, como a implantação de bombas, onde teriam passado cidadãos de até sete países.
Uma parte das evidências apresentadas não foram mostradas ao público até a sessão da OEA, pois foram coletadas nas últimas semanas com guerrilheiros capturados e computadores apreendidos. Grande parte do material reflete uma situação atual, inclusive das últimas semanas, razão pela qual Hoyos pediu que uma comissão internacional verifique sua veracidade no intervalo de um mês. Nesse período, seria impossível que os guerrilheiros desmontassem os acampamentos, afirmou.
Ao final da apresentação, Hoyos entregou ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, todas as evidências em uma volumosa pasta branca.
Venezuela repudia todas as evidências
Após a apresentação, o embaixador venezuelano, Roy Chaderton, se disse "mareado cartograficamente", afirmou que o material não constituía "nenhuma prova" ou "evidência" e que eram "mentiras". Foi um "circo midiático", disse Chaderton.