Belgrado aposta agora na Assembleia Geral das Nações Unidas para defender a causa, após o revés sofrido hoje (22/7) na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que considerou legal a proclamação da independência de Kosovo.
O presidente sérvio, Boris Tadic, disse na noite desta quinta-feira que a decisão da Corte de Haia não mudará em nada a posição de Belgrado e que a Sérvia "jamais" reconhecerá a independência de Kosovo, que considera uma das províncias.
O revés diplomático foi ainda maior porque as autoridades pró-europeias de Belgrado apostavam em uma decisão da CIJ para enfrentar a proclamação da independência de Kosovo, realizada em 17 de fevereiro de 2008.
Após intensos esforços diplomáticos, Belgrado obteve da Assembleia Geral da ONU, em outubro de 2008, que a CIJ se pronunciasse sobre a legalidade ou não da proclamação de Kosovo.
Desde então, a Sérvia não economizou esforços para impedir que a comunidade internacional reconhecesse a independência de Kosovo.
Até hoje, 69 países se somaram à lista do reconhecimento da independência.
As autoridades de Kosovo festejaram os desdobramentos da decisão da CIJ, com o reconhecimento de mais países e a perspectiva de integração de Kosovo à União Europeia, Otan e ONU.
Mas o presidente sérvio garante que o combate ainda não terminou e que os esforços de Belgrado se concentrarão na Assembleia Geral das Nações Unidas, prevista para setembro.
A CIJ concluiu que a proclamação da independência de Kosovo não viola o direito internacional, uma decisão "difícil" de admitir por parte dos sérvios, mas a Corte não se pronunciou "sobre a base" do tema, "o direito de secessão", argumentou Tadic.
Segundo o presidente sérvio, a CIJ entregou à Assembleia Geral à tarefa de gerar "as consequências políticas" da decisão. Tadic espera que a Assembleia Geral permita adotar uma "resolução que permita resolver esse problema histórico (de Kosovo) e o conflito entre sérvios e albaneses por meio de negociações".
Mas a decisão da CIJ reduz a margem de manobra da Sérvia para elaborar o projeto de resolução junto à Assembleia Geral. Os kosovares não querem nem falar de negociações, especialmente sobre a independência.
Além de um revés diplomático, a decisão da CIJ constitui um golpe político, uma vez que reforça a oposição nacionalista contra Tadic.
Dentro da Europa, a situação também vem sendo complicada para a Sérvia, que apresentou em dezembro candidatura para entrar na União Europeia (UE).
O Bloco europeu ainda não definiu uma posição comum sobre a independência de Kosovo, uma vez que, dos 27 Estados membros, cinco não reconhecem a decisão de Pristina: Espanha, Eslováquia, Romênia, Grécia e Chipre.