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Paquistanesa é libertada após 14 anos de prisão por falta de prova

Um tribunal paquistanês decidiu libertar nesta quinta-feira (22/7) uma mulher, portadora de deficiência mental, detida durante 14 anos após ter sido acusada, sem provas, de ter profanado o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, anunciaram seu advogado e magistrados.

Detida em 1996, Zaibul Nisa, 60 anos, foi mantida confinada, enquanto aguardava julgamento, num asilo penitenciário, segundo as fontes.

Khawaja Mohammad Sharif, o presidente do Tribunal Supremo de Lahore, a grande cidade do leste do Paquistão, "ordenou a libertação de Zaibul Nisa, uma vez que não foi encontrada nenhuma evidência contra ela", anunciou à AFP um funcionário da Corte. "O presidente do Tribunal se disse consternado com o fato de a mulher ter ficado tanto tempo em detenção, sem processo", explicou.

Zaibul Nisa havia sido detida na cidade de Rawat, próxima da capital, Islamabad, devido a uma queixa apresentada por um morador, a de que "alguém havia profanado o Alcorão". O advogado da mulher, Aftab Ahmad Bajwa, lembrou que o nome de sua cliente não havia sequer sido mencionado pelo denunciante.

"Ninguém, nem mesmo seus familiares, contestaram a prisão. Foi esquecida por todos", contou Bajwa, que disse ter decidido defendê-la por motivos humanitários.

No tribunal, o homem que entrou com a queixa, Qari Mohammad Hafeez, confirmou não ter fornecido nenhum nome e que a polícia havia detido Zaibul Nisa seguindo suas próprias informações.

No Paquistão, país de maioria muçulmana, pune-se a profanação do Alcorão com a pena de morte.

Os cristãos, que representam menos de 3% da população, afirmam que as leis de repressão à blasfêmia são utilizadas contra sua comunidade. Na segunda-feira, dois irmãos cristãos acusados de escrever um panfleto considerado blasfematório em relação ao Islã, foram mortos no leste do país.

No entanto, a minoria religiosa mais visada por situações de violência no Paquistão, é a comunidade muçulmana xiita (20% da população).