A Coreia do Norte condenou nesta quinta-feira o anúncio de sanções americanas e classificou de ameaças os exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul, na véspera de um Fórum sobre Segurança na Ásia.
Para Pyongyang, as sanções anunciadas na quarta-feira pela secretária de Estado americana Hillary Clinton e os exercícios militares com Seul, previstos para o Mar do Japão a partir de domingo, "violam" uma declaração adotada pela ONU após o naufrágio da corveta sul-coreana "Cheonan", pelo qual a Coreia do Norte é acusada.
As manobras militares também representam "uma grande ameaça, não só à paz e à segurança na península coreana, como também à paz e à segurança mundiais", declarou Ri Tong Il, porta-voz da delegação norte-coreana no Fórum.
Essa foi a reação norte-coreana ao término de um encontro bilateral entre os ministros das Relações Exteriores chinês, Yang Jiechi, e norte-coreano, Pak Ui-Chun, no dia em que Hillary Clinton aterrissava em Hanói.
O Fórum, que contará com a participação dos três na sexta-feira, é o momento mais importante da reunião anual de ministros das Relações Exteriores da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Antes de chegar à capital vietnamita, a chefe da diplomacia americana passou pela Coreia do Sul com o secretário de Defesa Robert Gates para manifestar o apoio de seu país a seu aliado.
[SAIBAMAIS]Tanto anúncio de exercícios militares conjuntos e de novas sanções contra a Coreia do Norte como a visita à fronteira entre os dois países têm como objetivo transmitir uma mensagem forte a Pyongyang para que ponha fim as suas "provocações".
Washington e Seul acusam a Coreia do Norte de ter torpedeado em março a corveta sul-coreana "Cheonan".
Mas Pyongyang, com o apoio de Pequim, nega que esteja envolvido neste incidente que causou a morte de 46 marinheiros. O governo comunista se vangloria de ter conseguido uma vitória diplomática histórica na ONU no dia 9 de julho.
Nesse dia, o Conselho de Segurança condenou o ataque, mas evitou indicar um responsável.
O organismo pediu que sejam "tomadas medidas apropriadas e pacíficas para os responsáveis pelo incidente" e considerou que é preciso "evitar um novo ataque ou ato hostil contra a República da Coreia (Coreia do Sul) ou na região".
Para o porta-voz norte-coreano, as medidas dos Estados Unidos violam o sentido desta declaração.
Se "estão realmente interessados na desnuclearização da península coreana, devem dar exemplo criando um clima (propício ao diálogo) em vez de deteriorar este clima organizando exercícios militares ou impondo sanções", acrescentou.
"As sanções expressam claramente a ampliação e a intensificação de uma política hostil em relação à República Popular Democrática da Coreia", afirmou.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, afirmou que Hillary Clinton aproveitará o Fórum para pedir a Pequim que aumente sua pressão sobre seu aliado norte-coreano.
Antes da reunião formal do fórum na sexta-feira, muitas reuniões bilaterais foram realizadas.
Além dos dez membros da Asean (Vietnã, Indonésia, Laos, Cambodja, Tailândia, Malásia, Cingapura, o sultanato de Brunei, Filipinas, Birmânia), dos Estados Unidos, das duas Coreias e da China, participam do Fórum a União Europeia, o Japão e a Rússia.