Extremistas islâmicos da turbulenta região do Cáucaso, no sul da Rússia, são os principais suspeitos pelas explosões que atingiram ontem a usina hidrelétrica de Baksan, na região da Kabardino-Balkária, vizinha aos focos separatistas da Chechênia e do Daguestão. O ataque terrorista, como foi definido pela Procuradoria-Geral russa, deixou dois mortos e dois feridos, além de danos em três geradores e equipamentos secundários ; sem afetar a geração de eletricidade na usina, com potência de 25 megawatts.
;Os bandidos invadiram o complexo, mataram dois guardas e feriram dois operadores na sala das máquinas da central elétrica. Depois, colocaram cargas explosivas;, alegou um porta-voz da procuradoria. De acordo com as autoridades, três artefatos explodiram e outro foi desativado por especialistas do Serviço Federal de Segurança (FSB, um dos organismos que sucederam a KGB, da extinta União Soviética). O chefe do FSB, Alexander Bortnikov, informou ao presidente Dmitri Medvedev que foram tomadas medidas para ;reforçar a proteção das instalações estratégicas; após o ataque à hidrelétrica de Baksan.
As investigações do Comitê Nacional Antiterrorista (CNA) mostraram que as explosões provocaram um grande incêndio, que se alastrou a partir da sala de máquinas da usina, construída entre 1930 e 1936. O Ministério para Situações de Emergência tratou de tranquilizar a população das regiões próximas, quanto ao fornecimento de eletricidade e quanto à segurança. Em resposta ao ataque, o CNA anunciou que também vai reforçar a segurança em todas as hidrelétricas do sul do país.
Os grupos armados islâmicos que atuam na região tinham ameaçado em várias ocasiões promover atentados contra a infraestrutura e alvos considerados estratégicos. Há pouco menos de um ano, a usina de Sayanao Shushenskaya, na Sibéria, foi parcialmente destruída por uma explosão que deixou 75 mortos e vultosos danos. Na época, um grupo extremista reivindicou a autoria da ação, supostamente realizada com uma granada antitanque de detonação programada, mas as autoridades descartaram a hipótese de atentado.
O Cáucaso tem sido palco de movimentos separatistas, conflitos étnico-religiosos e até mesmo guerras entre nações ; como a cristã Armênia e o muçulmano Azerbaijão desde o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética, em 1991. Três anos mais tarde, a região russa da Chechênia viveu a primeira de duas guerras entre separatistas muçulmanos e as tropas federais. A instabilidade na região afeta interesses de escala global, uma vez que o Cáucaso abriga uma rede de oleodutos e gasodutos por onde é escoada para a Rússia e a Europa Central parte da produção de gás natural e petróleo das vastas reservas do Mar Cáspio ; não apenas russas, mas também das ex-repúblicas soviéticas do Azerbaijão e do Cazaquistão.