A Alemanha lembra nesta terça-feira (20/7) o atentado frustrado contra Adolf Hilter praticado há 66 anos por oficiais da Wehrmacht em Rastenburg (atual Polônia).
O ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, prestou homenagem aos autores dessa tentativa de golpe de Estado no pátio do Bendlerblock, antigo centro de comando do exército do Terceiro Reich, em Berlim.
No local, o "cérebro" da Operação Valquíria, Claus Schenk von Stauffenberg, e três outros conspiradores foram executados na noite do ataque, o mais espetacular de que o Führer escapou.
Os conspiradores "mostraram que houve, mesmo nos momentos mais sombrios da ditadura, uma outra Alemanha melhor", declarou zu Guttenberg.
A chanceler Angela Merkel participou da cerimônia, ao lado do ministro, de juramento de cerca de 420 soldados diante do Reichstag, sede do Bundestag (câmara baixa do Parlamento). O ritual, realizado anualmente, simboliza, desde 1999, o fato de que a obediência às ordens tem limites e que o exército alemão é controlado pelos deputados.
O exército alemão reconhece que "a liberdade e os direitos merecem a proteção do Estado", disse zu Guttenberg aos jovens recrutas.
"As mulheres e os homens da resistência criaram, devido às as ações, um conjunto de medidas éticas e tornaram-se modelos", declarou o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit.
"Nunca houve antes uma revolta parecida em favor da libertação, do direito e da dignidade humana", observou Fritz Stern, um historiador americano de origem alemã, cuja família emigrou para os Estados Unidos.
Um ex-oficial da Wehrmacht, Ewald-Heinrich von Kleist, que ficou preso no campo de concentração de Ravensbrück, na Alemanha, por ter apoiado o golpe de Estado frustrado, explicou que o principal objetivo dos conspiradores era "colocar um fim aos terríveis crimes" do nazismo.
Em 20 de julho de 1944, oficiais da Wehrmacht, incluindo o carismático Conde von Stauffenberg, tentaram, junto das redes de resistentes civis compostas de grupos políticos conservadores, de esquerda e sindicalistas, eliminar Hitler em Rastenburg, Prússia Oriental, para derrubar o regime nazista.
O Führer ficou ferido com a explosão e os principais autores do atentado junto de von Stauffenberg, o general Friedrich Olbricht, o coronel Albrecht Ritter Mertz von Quirnheim e o tenente-chefe Werner von Haeften foram presos e, logo em seguida, executados.
O fracasso desse ataque adiou por quase dez meses o fim do Terceiro Reich e fez aumentar consideravelmente em milhões os números de vítimas: judeus, alemães, soviéticos e aliados.
O complô do dia 20 julho de 1944 foi contado em um filme de Bryan Singer, "Operação Valquíria", com Tom Cruise no papel do coronel Claus von Stauffenberg.