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Comunidade internacional apoia projetos de segurança do governo afegão

A comunidade internacional reunida nesta terça-feira (20/7) em Cabul apoiou o projeto do presidente afegão, Hamid Karzai, para garantir, com a própria força, a segurança do país até o fim de 2014, bem como a política de mão estendida aos talibãs.

Representantes de mais de 70 países doadores e organizações internacionais também se comprometeram a que uma grande parte (pelo menos a metade) dos bilhões de dólares de ajuda internacional ao Afeganistão estejam no orçamento do governo afegão num prazo de dois anos.

Essa é uma antiga reivindicação de Cabul, mas uma parte dos patrocinadores relutava, apontando, principalmente, para a corrupção no seio da administração.

Essa conferência marca uma "virada" com a adoção de um plano para o futuro do Afeganistão "como nunca tínhamos visto antes", comemorou a chefe da diplomacia americana Hillary Clinton.

A reunião sustentou o objetivo de Karzai, "segundo o qual as forças armadas nacionais afegãs devem retomar e conduzir as operações militares em todas as províncias até 2014", informou o comunicado final.

Um objetivo ambicioso. A rebelião realizada pelos talibãs ganhou espaço nos últimos anos, enquanto as forças afegãs recebiam reforços de mais de 140 mil militares estrangeiros, dos quais dois terços americanos.

Karzai disse estar "determinado" nesta terça-feira a respeitar o prazo, com esperança de um acordo rápido sobre as modalidades dessa transição.

O primeiro-ministro britânico David Cameron, entrevistado pela rádio pública americana NPR, julgou esse objetivo "realista".

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, anunciou que militares estrangeiros continuariam mesmo após o período de transição para garantir "apoio" às forças afegãs.

Nesta terça-feira, um novo incidente colocou em dúvida a confiabilidade das tropas do Afeganistão, suspeitas de serem permeáveis à rebelião.

Durante o dia, um soldado afegão matou dois civis americanos e um outro soldado afegão antes de ser ele mesmo morto, durante um treinamento de tiro no norte. Na terça passada, três militares britânicos foram mortos por um soldado afegão, ainda foragido, no sul do país.

A guerra no país é a mais impopular na opinião pública ocidental, após quase nove anos de combate e de baixas sem precedentes nas tropas de coalizão.

Paralelamente, a conferência ratificou apoio ao último programa de paz lançado na primavera pelo chefe de Estado afegão, que visa os rebeldes de patente inferior que combatem por dinheiro e não por ideologia.

A ideia não é nova: uma anistia pela rendição foi proposta em 2005 por Hamid Karzai aos rebeldes prontos a renunciar à violência. Sem grande sucesso, os rebeldes se recusavam a depor as armas enquanto as tropas internacionais continuassem no país.

Quase no fim da conferência, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concedeu um empréstimo de US$ 125 milhões ao Afeganistão, indicando estar de acordo com Cabul sobre as condições do programa de ajuda.

Descrita como o mais importante encontro internacional já organizado na capital, a conferência decorreu em meio a um forte esquema de segurança.

Foguetes foram, contudo, disparados na noite de segunda-feira e na madrugada desta terça a quilômetros do local da conferência, sem fazer vítimas, segundo o Ministério afegão do Interior. Insurgentes que preparavam ataques em Cabul foram mortos e outros dois foram presos.