A justiça turca acusou 196 pessoas, entre elas militares em atividade ou da reserva, como parte de uma investigação aberta há vários meses por tentativa de golpe em 2003 contra o governo islamita moderado, anunciou a imprensa nesta segunda-feira (19/7).
Os indiciamentos, pronunciados em Istambul, são resultado de uma investigação iniciada em fevereiro com uma espetacular onda de detenções de militares.
O principal suspeito, apresentado como o suposto instigador da conspiração, é um general da reserva, Cetin Dogan, ex-comandante do Primeiro Exército, sediado em Istambul, cidade onde o complô teria sido elaborado.
A trama presumível, divulgada em detalhes por um jornal, em janeiro, previa a preparação do terreno para um golpe de Estado mediante ações violentas, com atentados a mesquitas e provocações para marcar tensão com a Grécia. O objetivo era semear caos e demonstrar a incapacidade do governo do AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento, saído da corrente islamita) de garantir a segurança do país.
Entre os acusados estão o almirante Ozden Ornek, o ex-comandante do Exército, general da reserva Halil Ibrahim Firtina, o ex-comandante da Força Aérea e ex-subcomandante do Estado Maior, o general também da reserva Ergin Saygun.
O jornal Hurriyet diz em página na internet que mais de 30 militares em atividade ou da reserva figuram na lista de acusados. A data do processo não foi comunicada.
O exército turco derrotou ou causou a queda de quatro governos em 50 anos e se garante dos princípios laicos, com grande prestígio.
Uma parte da oposição acusa o governo de tentar desacreditar a instituição militar por meio desse julgamento e o de um outro, que também diz respeito a um caso de desestabilização do poder envolvendo militares, conhecido com o nome de Ergenekon.
Mais de cem acusados, entre eles generais e jornalistas, estão detidos como parte desse segundo caso que começou em 2007, por terem tentado derrotar o governo pela força.