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Aids: Gates e Clinton defendem uso mais eficaz dos recursos

O ex-presidente americano Bill Clinton e o bilionário Bill Gates discursaram nesta segunda-feira (19/7) no debate sobre o dinheiro destinado ao combate à Aids, defendendo um uso mais eficaz dos fundos mobilizados em tempos de crise econômica.

"Devemos diminuir o custo da ajuda", disse Clinton em um discurso feito na 18; Conferência Internacional sobre a Aids, que ocorre em Viena até a sexta-feira, com mais de 20 mil participantes de 185 países.

Clinton, cuja fundação participa da luta contra a Aids, participou desde 2002 de todas as conferências sobre o tema.

"Em muitos países, muito dinheiro vai a muita gente que participa de muitas reuniões, toma muitos aviões para fazer muita assistência técnica", disse o ex-presidente, assegurando que está colocando em ordem os programas da própria fundação. "Cada dólar que desperdiçamos coloca vidas em perigo", completou.

Clinton insistiu na necessidade de uma mudança de estratégia no financiamento da luta contra a Aids. Em vez de financiar instituições internacionais, aconselhou apoiar "diretamente" os planos nacionais de saúde, cooperando com as "coletividades e organizações locais".

"Também devemos convencer os governos da África e de outras partes do mundo a investir no próprio sistema de saúde quando obtiverem novos recursos", completou Clinton.

Apesar de defender planos de rigor, o ex-presidente dos Estados Unidos (1993-2000) pediu aos países ricos que reconstituam o Fundo Mundial contra a Aids, a Tuberculose e a Malária. O diretor, Michel Kazatchkine, disse no domingo que está "muito preocupado" com o nível de mobilização financeira internacional.

À tarde, o bilionário Bill Gates, co-presidente com a mulher da fundação Bill e Melinda Gates, insistiu também na necessidade de "otimizar" os fundos existentes. "Se continuramos gastando nossos recursos exatamente como fazemos hoje, nossa capacidade para tratar todos os doentes vai diminuir", advertiu.

Se os custos caírem a US$ 300 anuais por paciente "poderemos tratar o dobro de pessoas" com o orçamento atual, lembrou Gates, cuja fundação aplicou em 11 anos US$ 2,2 bilhões na prevenção e pesquisa sobre a Aids.

Assim como Clinton, Gates insistiu no fortalecimento de métodos como a circuncisão masculina, que reduz entre 50% e 60% o risco de infecção entre os homens, ou a prevenção da transmissão entre mãe e filho.

Gates lançou também um chamado para investir em pesquisa, sobretudo na elaboração de uma vacina eficaz, de uma pílula preventiva e do gel germicida.

Antes do discurso, alguns ativistas exigiram a criação de uma taxa sobre as transações interbancárias de câmbio - chamada taxa Robin, de Robin Hood - com o objetivo de financiar a luta contra a Aids. Gates não se mostrou muito favorável a isso.

O Fundo Mundial, uma associação público-privada com sede em Genebra, deseja arrecadar entre US$ 13 bilhões e US$ 20 bilhões este ano para o período entre 2011 e 2013 entre os doadores públicos e privados.