Havana ; As Damas de Branco, familiares dos presos políticos cubanos, manifestaram neste domingo (18/7) sua preocupação por considerar a saída dos detidos para a Espanha, libertados depois do diálogo da Igreja Católica com o governo, um virtual "desterro".
"Me parece que isso de ir da prisão para o aeroporto, para outro país, chama-se desterro", disse à imprensa a líder do grupo, Laura Pollán, que comandou neste domingo em torno de 30 mulheres em sua habitual passeata pela Quinta Avenida de Miramar (oeste) para exigir a libertação de seus familiares.
Depois de um inédito diálogo entre o cardeal Jaime Ortega e o presidente Raúl Castro, os 52 presos políticos que restavam nas prisões dos 75 condenados em 2003, começaram a ser libertados e enviados com suas famílias para a Espanha.
Dos 20 que aceitaram viajar, segundo a Igreja, 11 já estão na Espanha e outros nove devem viajar na semana que vem. Os demais 32 estão sendo consultados pelo cardeal Ortega, apesar de, segundo familiares, mais de uma dezena expressar desejo de viajar aos Estados Unidos.
Os reclusos que estão prontos para viajar estão concentrados na prisão Combinado del Este, em Havana, e de lá serão levados ao aeroporto, onde se encontram com seus familiares e emigram juntos.
"Não lhe dão nem sequer 24 horas para que se despeçam de suas famílias (que não viajam), isso é lamentável e muito triste", completou Pollán.
Ela disse que há outras preocupações, como o status de "emigrantes" e não de "refugiados" que recebem quando viajam, assim como o fato de não saberem quando poderão ir a outro país a partir da Espanha.
Segundo ela, "Itália, França, Alemanha, Chile e Polônia" manifestaram sua disposição de acolher alguns dos ex-presos, e disse que as Damas continuarão caminhando e exigindo a libertação.
"Nossas pernas, nossas vozes não cessarão enquanto restar um preso político pacífico nas prisões", disse, calculando que existam entre 50 e 60 pessoas nessa situação.
Ela informou que familiares desses presos já foram incorporados às Damas de Branco e descartou que esse movimento decaia diante da possibilidade de emigração de muitas delas, pois esperam que outros familiares ocupem seus lugares. Há ainda as Damas de Apoio, mulheres que mostram sua solidariedade às Damas de Branco, apesar de não terem familiares presos.