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Relatório militar aponta falhas no ataque a uma flotilha humanitária

Outra deve se aproximar da Faixa de Gaza amanhã

Quarenta dias após o ataque a uma flotilha turca, que deixou nove ativistas mortos, as Forças de Defesa de Israel (IDF) admitiram ter cometido ;erros; no planejamento e na execução da ofensiva. Em relatório elaborado no último mês, foram apontados problemas no comando da ação, que não teria considerado a possibilidade de ;resistência violenta; por parte das pessoas a bordo do navio Mavi Marmara. O Exército descarta, contudo, que tenha havido negligência ou culpa, e não prevê sanções disciplinares aos que atuaram. Está prevista para amanhã a aproximação de mais uma embarcação com ajuda humanitária rumo à Faixa de Gaza, enviada pela Líbia. Para o governo israelense, trata-se de uma ;provocação desnecessária;.

O relatório, preparado por uma comissão formada por três generais e um coronel da reserva, destaca que ocorreram ;erros profissionais que dizem respeito à coleta de informações e ao processo de decisão;. ;A equipe concluiu que nem todos os métodos foram plenamente aplicados e que a coordenação entre a inteligência da Marinha e a inteligência de Defesa foi insuficiente;, afirma um comunicado. ;A equipe também apontou que o nível previsto de violência exercida contra as forças foi subestimado;, acrescenta o texto. Para o general Giora Eiland, que chefiou a investigação, os erros ;contribuíram para um resultado que não era desejado;.

Ainda segundo Eiland, as pessoas a bordo do navio turco atiraram ao menos quatro vezes contra soldados israelenses, ;usando armas roubadas dos soldados ou uma que eles já tinham;. ;Temos evidência de que havia pelo menos uma arma neste barco antes de chegarmos, e há uma boa razão para crer que o primeiro disparo ocorreu quando nosso soldado, o segundo que chegou ao convés, foi alvejado por alguém;, disse o general. O comandante das FDI, general Gabi Ashkenazi, afirmou que o incidente com a flotilha é uma; oportunidade de aprendizado que não deve ser desperdiçada;.

Para um dos organizadores da flotilha atacada em 31 de maio, Ramzi Kysia, do Movimento Free Gaza, o relatório é ;inútil;. ;Ele não destaca o que realmente aconteceu no Mavi Marmara. A questão de que Israel se excedeu não está lá;, criticou. Kysia afirma que a avaliação continua justificando a ação sob o ;falso argumento; de que as pessoas a bordo eram ;militantes; e ;terroristas;. ;Isso é uma tentativa de tirar a responsabilidade das Forças de Defesa de Israel.;

Além da investigação do exército, uma comissão pública independente israelense, da qual fazem parte dois observadores estrangeiros ; o Nobel da Paz irlandês David Trimble e o ex-procurador-geral do Exército canadense Ken Watkin ;, trabalha sobre os aspectos jurídicos do caso. Israel rejeitou a proposta de uma comissão de investigação internacional.

Ritmo constante
O cargueiro Amalthéa, fretado pela Fundação Kadhafi por meio de Seif Al-Islam ; filho do líder líbio, Muammar Kadhafi ;, entrou ontem em águas internacionais ao largo da ilha grega de Creta e deve chegar amanhã a Gaza. ;Não transportamos armas nem produtos suspeitos. Só alimentos, remédios e jovens pacifistas. Os israelenses podem inspecionar o navio e, se tiverem um mínimo de humanidade, nos deixarão descarregar a embarcação em Gaza;, declarou Machallah Zwei, representante da fundação que está no cargueiro. O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse ontem já ter acertado com o ministro de Inteligência egípcio para que a embarcação siga para o porto de El-Arish. ;Recomendamos que os organizadores da flotilha sigam os navios da Marinha até o porto de Ashdod (Israel) ou vão direto para El-Arish;, avisou Barak.

PAZ É MAIS FÁCIL
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comparou ontem as negociações de paz com os palestinos à final da Copa do Mundo. Ao parabenizar o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, Nentanyahu disse que ;ganhar da Espanha é mais difícil que fazer a paz com os palestinos;. Netanyahu admitiu que estava torcendo para a Holanda, mas elogiou o ;grande gol; marcado por Iniesta nos últimos minutos da prorrogação. Já com os palestinos, a ;partida; foi timidamente retomada na última semana, durante uma reunião entre o ministro de Defesa de Israel, Ehud Barak, e o premiê palestino, Salam Fayyad. Foi o primeiro contato direto entre autoridades dos dois lados desde os ataques de Israel à Faixa de Gaza, em dezembro de 2008 e janeiro de 2009.