O governo cubano começou neste sábado (10/7) a libertar os primeiros presos políticos do grupo de 17 detentos que viajarão à Espanha, do total de 52 opositores que prevê soltar, informaram à AFP familiares de três dos dissidentes que saíram da prisão para um local não revelado.
O opositor José Luis García Paneque falou por telefone com sua família para dizer que estava sendo levado da prisão de Las Tunas para um local não revelado em Havana, revelou seu primo Raúl Smith, enquanto as esposas de Pablo Pacheco e Luis Milán receberam telefonemas de outros prisioneiros que as informaram que seus maridos já não estavam na cadeia.
"Ele mesmo telefonou e as autoridades passarão com um ônibus para levar os familiares que irão com ele para a Espanha", disse Smith por telefone de Las Tunas.
Oleivys García, esposa de Pacheco, garantiu que companheiros de prisão de seu marido confirmaram que ele foi transferido da província Ciego de Avila (centro) para Havana.
"Já está em Havana, o tiraram da prisão, me disseram que já não está em Santiago (de Cuba), mas não passaram para buscar a família", afirmou Lisandra Laffita, esposa de Milán.
Os 52 opositores são os que permanecem presos dos 75 condenados em 2003 a penas de 6 a 28 anos, e sua libertação - a maior em uma década - é fruto do inédito diálogo realizado pelo presidente Raúl Castro e pelo cardeal Jaime Ortega no dia 19 de maio, que trouxe como primeiro resultado a libertação de um preso muito doente.
Ante a decisão do Governo de soltar os 52 presos, o opositor Guillermo Fariñas, sociólogo e jornalista de 48 anos, abandonou na quinta-feira uma greve de fome que mantinha há 135 dias para exigir a libertação dos 25 presos mais doentes.
O chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que viajou nesta semana à Cuba para acompanhar o diálogo entre o Governo e a Igreja, e que recebeu o anúncio das libertações durante sua visita, afirmou que a cidade de Madri está disposta a receber os 52 dissidentes.
Segundo o cardeal, a emigração é "uma proposta" e não um "banimento", como teme um setor da oposição.
Alguns presos muito doentes desejam viajar para a Espanha para receber tratamento médico, mas querem voltar para a ilha, afirmou à AFP o presidente de uma comissão de direitos humanos, Elizardo Sánchez, que estimou que cerca de 20 deles não estariam dispostos a deixar a ilha.
Segundo Moratinos, Raúl Castro garantiu que opositores poderão voltar com uma permissão especial e não perderão suas propriedades em Cuba, o que ocorre com os que emigram.