Buenos Aires - O secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner, encerrou viagem de dois dias ao Chile com a promessa de que o Congresso local dará apoio à Unasul, votando com rapidez a integração do país ao bloco regional. O compromisso ocorreu depois de encontro com o presidente Sebástian Piñera e com deputados e senadores chilenos.
Além do Congresso do Chile, o do Brasil, Paraguai, Suriname, Uruguai e da Colômbia ainda não aderiram oficialmente à Unasul. Pelo menos nove congressos nacionais precisam formalizar o apoio ao bloco para que ele se torne, de fato, um órgão internacional representativo da região. Até agora, a Unasul recebeu o apoio de parlamentares da Argentina, da Bolívia, do Equador, da Guiana, do Peru e da Venezuela.
A adesão do Chile à Unasul ; que tem o objetivo de estruturar a integração política, econômica e social entre os países do continente ; encontra resistência entre parlamentares aliados ao governo de Sebástian Piñera. Eles acreditam que o bloco regional, durante esse processo de ratificação pelos congressos nacionais, pode sofrer influências da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), bloco criado em 2001 pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e integrado pela Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica, Honduras, Granadinas, Antigua e Barbuda, por San Vicente e Equador.
Os parlamentares que formam a coalização governista no Congresso chileno querem que o tratado constitutivo da Unasul inclua em suas cláusulas garantias do respeito à democracia e aos direitos humanos.
Durante sua visita ao Congresso chileno, Néstor Kirchner encontrou-se com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Hernán Larrain, e foi dele que partiu uma cobrança inesperada. Larrain pediu dedicação exclusiva de Kirchner ao cargo de secretário-geral da Unasul, o que significaria o seu afastamento não apenas da condição de deputado, mas também de presidente do Partido Justicialista, o maior da Argentina, criado em 1945 por Juan Domingo Perón. Kirchner também é provável como candidato à Presidência da República nas eleições de 2011.
Cauteloso, Kirchner deixou em aberto seu futuro como secretário-geral da Unasul, afirmando que ocupa o cargo atendendo a pedido de 12 presidentes da região para que colabore na tarefa de impulsionar o órgão nesta fase de transição entre um simples projeto e a efetiva realidade como entidade política representativa de interesses nacionais. "Depois disso, veremos", ressaltou.
Néstor Kirchner foi eleito o primeiro secretário-geral da entidade no dia 4 de maio deste ano, quando os presidentes sul-americanos participaram de reunião extraordinária, em Buenos Aires. No encontro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a eleição de Kirchner para a secretaria-geral da Unasul era mais uma etapa para a consolidação do bloco regional.
Desde que assumiu o cargo, Néstor Kirchner já esteve no Paraguai e no Equador para conversar com parlamentares sobre a votação do tratado constitutivo da Unasul. Depois do Chile, Kirchner visitará os congressos do Peru e da Bolívia. Ainda não há previsão da viagem que o secretário-geral da Unasul deverá fazer ao Brasil. Em recente entrevista, ele disse que após a formalização do tratado constitutivo do órgão, o próximo passo será estabelecer as fontes financiamento.