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EUA expulsam agentes russos em troca de espiões americanos

Os Estados Unidos ordenaram nesta quinta-feira (8/7) a expulsão de 10 pessoas que admitiram ser agentes secretos russos em troca da libertação por Moscou de quatro espiões americanos na Rússia.

A ordem de expulsão anunciada pela juíza Kimba Wood é o epílogo da novela de espionagem iniciada no mês passado e que trouxe de volta, por 15 dias, a atmosfera de Guerra Fria nos Estados Unidos e na Rússia.

A expulsão, que deverá ser concretizada em breve, foi anunciada por Wood depois de Moscou aceitar libertar quatro indivíduos presos na Rússia por supostos contatos com agências de inteligência do Ocidente.

O presidente Dmitri Medvedev indultou os quatro russos, entre eles o especialista em armamentos Igor Sutyagin. O chefe de Estado russo assinou um decreto agraciando Sutiagin, Alexandre Zaporojski, Guennadi Vassilenko e Sergue; Skrypan, que haviam dirigido ao presidente um pedido de indulto, confessando-se culpadas.

[SAIBAMAIS]Pouco antes, os dez acusados nos EUA, incluindo a jornalista peruana Vicky Peláez, admitiram na corte serem "agentes secretos" que trabalhavam para um governo estrangeiro, acusação passível de pena máxima de cinco anos de reclusão.

Segundo um acordo com os procuradores, que recebeu o aval da juíza, foram retiradas as acusações mais sérias de lavagem de dinheiro, que pesavam contra nove dos agentes, e Wood decidiu não prendê-los e, sim, expulsá-los imediatamente.

Isso significa "a imediata expulsão dos Estados Unidos" e os acusados devem aceitar "nunca mais voltar aos Estados Unidos", disse Wood.

O FBI investigou os indivíduos durante anos, alguns deles instalados há três décadas nos Estados Unidos e encarregados de se infiltrar nos círculos políticos para posteriormente enviar informações a Moscou.

Durante a audiência, os agentes deixaram cair a máscara das identidades falsas que em sete casos encobriu suas ações: o casal "Richard e Cynthia Murphy" admitiram chamar-se na verdade Vladimir e Lydia Guryev.

"Michael Zottoli" e "Patricia Mills", detidos na Virgínia em 27 de junho, na verdade eram russos e se chamavam, respectivamente, Mikhail Kutsik e Natalia Pereverzeva.

Por sua parte, "Donald Heathfield" e "Tracey Foley", presos em Massachusetts onde tinham penetrado no ambiente acadêmico de Harvard e nos negócios imobiliários, também eram russos, cujos verdadeiros nomes eram Andrey Bezrukov e Elene Vavilova. "Juan Lázaro" não era peruano nem tinha nascido no Uruguai, como afirmava socialmente desde que se instalou nos subúrbios de Nova York: chamava-se na verdade Mikhail Anatonoljevich Vasenkov e também era agente.

Vicky Peláez, a jovem ruiva de 28 anos, Anna Chapman e outro detido, Mikhail Semenko, operavam como espiões com seus verdadeiros nomes, sendo os dois últimos também russos.

Repórter e colunista do jornal hispânico de Nova York La Prensa, Peláez, 55 anos e casada com "Lázaro", tinha sido jornalista no Peru antes de exilar-se nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Eles têm um filho de 17 anos.

Um promotor revelou na audiência alguns dos acertos entre os agentes e Moscou. "Prometeram a Vicky Peláez alojamento, vistos para seus filhos e 2.000 dólares por mês para subsistência", disse, completando que a ex-agente será autorizada a viajar, incluindo ao Peru, seu país de origem. "Trata-se de um caso extraodinário, resultado de anos de investigações e o acordo alcançado hoje constitui uma boa saída para os Estados Unidos e seus interesses", assegurou o secretário de Justiça, Eric Holder.

Vários especialistas consideram o caso dos espiões como um vestígio da antiga burocracia soviética e dos métodos de espionagem da KGB durante a Guerra Fria, que substituíram a queda da União Soviética.