O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em risco de morte por conta de uma greve de fome que completa 132 dias, responsabilizou nesta segunda-feira (5/7) "os irmãos" Fidel e Raúl Castro por sua "morte em breve" e assegurou que deseja morrer em Cuba, segundo uma carta divulgada na Internet.
"Estou consciente de que morrerei em breve e considero uma honra (...). Os únicos responsáveis (...) são os irmãos Fidel e Raúl Castro", disse Fariñas, jornalista de 48 anos, na carta escrita por seu porta-voz, Licet Zamora, e divulgada em um site de oposição.
No texto, escrito em resposta a um relatório sobre sua saúde publicado no sábado pelo jornal oficial Granma, Fariñas criticou o jornal por se "esquivar" de dizer que o "motivo" de sua greve é a exigência da libertação de 25 presos políticos doentes.
"Considero que devido a meu estado de saúde grave, usaram o humanitarismo dos médicos para ir preparando os veículos da imprensa internacional para minha futura morte", disse Fariñas.
No relatório incomum publicado pelo Granma, Cuba reconheceu que Fariñas corre "risco potencial de morte" devido a um coágulo na jugular, apesar de ter destacado que os médicos fazem "tudo" para salvá-lo no hospital de Santa Clara, 280 km a leste de Havana, onde está internado desde 11 de março.
Fariñas descartou a possibilidade de sair de Cuba, em referência a ofertas de assistência médica feitas pelo governo da Espanha, cujo chanceler, Miguel Angel Moratinos, prevê chegar nesta segunda-feira à ilha para impulsionar a mediação da Igreja Católica que busca a libertação de presos políticos e o fim de seu jejum.
O dissidente iniciou sua greve de fome em 24 de fevereiro, um dia depois da morte após 85 dias de greve de fome do preso opositor Orlando Zapata, fato que provocou condenações na Europa e nos Estados Unidos.