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Ingrid Betancourt pede às Farc para mudar 'de rumo' a dois anos de sua libertação

A ex-refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Ingrid Betancourt, pediu à guerrilha marxista para mudar "de rumo" e libertar as pessoas que mantém sequestradas na Colômbia, ao lembrar nesta sexta-feira (2/7), ao lado de outros ex-reféns, o segundo aniversário da operação militar que os resgatou.

"Tenho fé e esperança de que aqueles que estão sequestrados serão libertados logo e peço às Farc que mudem de rumo e se transformem em uma opção de paz", disse Betancourt, ao fim de uma cerimônia de comemoração da operação ;Xeque;, que o Exército colombiano realizou em 2 de junho de 2008.

A operação permitiu resgatar Betancourt - ex-candidata presidencial em 2002 -, três americanos que trabalhavam para o Departamento de Estado e 11 militares e policiais colombianos que estavam em poder da guerrilha.

Ingrid, que ficou seis anos nas mãos das Farc, chegou a Bogotá na noite desta quinta-feira, em sua primeira visita à Colômbia desde a de novembro de 2008, na qual só ficou algumas horas.

"Estou muito emocionada por estar na Colômbia", disse, em entrevista por rádio, a ex-candidata, que junto a outros membros da força pública resgatados nas operações ;Xeque; e ;Camaleão;, prestou homenagem aos militares que os resgataram. São "os heróis da pátria", disse.

O ato, que consistiu em uma oferenda floral em homenagem às pessoas que permanecem cativas, foi celebrado na Escola Militar ;José María Córdova; (oeste de Bogotá), com a presença dos ex-reféns colombianos, dos chefes das Forças Militares e da Polícia e diplomatas franceses.

Os ex-reféns americanos Thomas Howes, Marc Gonsalves e Keith Stansell, cuja presença em Bogotá foi anunciada na quinta-feira, não assistiram à cerimônia militar e, segundo fontes colombianas, se reuniram com diversas personalidades na embaixada do seu país.

Em 13 de junho passado, uma operação batizada de ;Camaleão; permitiu resgatar um general da polícia e outros três membros da força pública. A operação foi realizada uma semana antes do segundo turno das eleições presidenciais, vencido por Juan Manuel Santos (situação), ex-ministro da Defesa durante a operação ;Xeque;.

Betancourt, que trabalhou com Santos quando foi ministro de Comércio Exterior durante o governo de César Gaviria (1990-1994), destacou na sexta-feira a eleição do candidato de Uribe à presidência e disse acreditar que o país segue "por um bom caminho", durante entrevista coletiva posterior à cerimônia na Escola ;José María Córdova;.

A ex-refém também elogiou a decisão do governo de Álvaro Uribe de resgatar os sequestrados mediante "operações humanitárias de autoridade", embora tenha opinado que não devem ser excluídos outros mecanismos para onter a libertação de 19 membros da força pública mantidos em cativeiro pelos guerrilheiros.

No entanto, pediu aos colombianos que "não se deixem enganar" pelas Farc, grupo que "perdeu a oportunidade histórica de fazer a paz (durante o governo de Andrés Pastrana, entre 1998 e 2002) e se tornou um movimento terrorista e narcotraficante".

"Precisamos de provas de boa vontade das Farc, não queremos ser transformados em idiotas úteis de uma estratégia de guerra", enfatizou.

Vestindo um terno cobre, Ingrid, que também assistiu a uma missa, parecia muito emocionada ao cantar o hino da Colômbia, sendo acompanhada na cerimônia militar desta sexta pela filha, Melanie, e pelo chefe das Forças Armadas, general Freddy Padilla.