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Talibãs atacam uma importante base da Otan no Afeganistão

Os talibãs lançaram nesta quarta-feira (30/6) um ataque com carro-bomba e foguetes contra uma importante base militar da Otan em Jalalabad, leste do Afeganistão, a alguns dias da chegada do novo comandante das forças internacionais, o general David Petraeus, informou o capitão de corveta Iain Baxter, um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf).

"Vários atacantes foram mortos. Eles utilizaram um carro-bomba, RPG (lança-foguetes) e armas leves. Explodiram o carro-bomba, mas não alcançaram o perímetro de segurança da base", destacou.

Dois membros das forças de segurança ficaram levemente feridos. O ataque começou de madrugada e durou várias horas.

Ahmad Zia Abdulzai, porta-voz do governo da província de Nangarhar, cuja capital é Jalalabad, afirmou que no ataque participaram vários camicases.

Um porta-voz regular dos talibãs, Zabihulá Mujahed, reivindicou o ataque em um telefonema à AFP.

A base de Jalalabad - uma base e um aeroporto militares - é uma das mais importantes da Otan no país, depois da de Kandahar (sul) e de Bagram, nos subúrbios de Cabul, todas elas objetivo de ataques dos insurgentes ocorridos nos últimos meses.

Em 22 de maio, os talibãs atacaram a base de Kandahar, a mais importante do país, disparando cinco foguetes e ferindo vários militares da Otan e civis que trabalhavam no local.

Dias antes, de 30 a 40 talibãs haviam atacado Bagram, a segunda base do país. Dezesseis insurgentes e um civil americano morreram. Nove soldados americanos também ficaram feridos.

Em maio, os talibãs prometeram lançar uma série de operações da Jihad (guerra santa) contra as forças da Otan e os estrangeiros em geral, em resposta à ofensiva em Kandahar, berço da rebelião.

Desde 2005 e do ressurgimento da insurreição dirigida pelos talibãs, todos os anos se registra um novo recorde de baixas para as tropas estrangeiras, mobilizadas no Afeganistão desde 2001.

Este novo ataque acontece quando as forças internacionais vivem o mês de junho mais letal em oito anos e meio de conflito, com a perda de 100 soldados.

Por outro lado, a coalizão também vive problemas internos como ficou visível com a destituição na semana passada do comandante das forças internacionais no Afeganistão, o general americano Stanley McChrystal, que criticou abertamente numa entrevista a estratégia do governo de Barack Obama.

Seu sucessor, o general David Petraeus, tentou dar garantias sobre a continuação de uma guerra cada vez mais impopular.

Petraeus tentou na terça-feira tranquilizar um Congresso ansioso de que as tropas lideradas pela Otan estão fazendo progressos no país asiático, em meio ao desgastado apoio público a uma guerra que já dura nove anos.

Começam a ser vistos "avanços em certos âmbitos" no Afeganistão, disse aos senadores Petraeus, o oficial mais reverenciado da Isaf naquele país, sem deixar de prever, entretanto, "duros combates" e um aumento da violência.

"Constatamos avanços em certos âmbitos, em meio ao difícil combate no Afeganistão", declarou Petraeus durante audiência no Congresso americano.

No entanto, advertiu, "os duros combates vão continuar" e "podem se intensificar nos próximos meses", quando as tropas internacionais aumentarem a pressão sobre os insurgentes talibãs.

Afirmou também que buscará uma "unidade de esforços" entre civis e militares no Afeganistão, cujas relações sofrem com recorrentes tensões.

Diante da preocupação dos congressistas quanto às tensas relações entre líderes civis e militares, Petraeus prometeu trabalhar perto de seus colegas civis e também prometeu rever regras questionadas quanto à restrição do uso do poder de fogo pelas tropas.