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Elena Kagan é sabatinada no Senado americano antes da nomeação à Corte Suprema

A candidata de Barack Obama à Corte Suprema dos Estados Unidos, Elena Kagan, 50 anos, que trabalha como advogada do governo nesse tribunal, está sendo sabatinada nesta segunda-feira (28/6) no Senado.

Se confirmada, Elena Kagan se tornará a mais jovem da mais alta jurisdição dos Estados Unidos e a quarta mulher a ser nomeada ao cargo depois de Sandra Day O;Connor, Ruth Bader Ginsburg e Sonia Sotomayor.

E, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, três mulheres se sentarão, ao mesmo tempo, ao lado de seis homens.

As audiências desta segunda-feira na Comissão de Justiça do Senado, como impõe a Constituição, são transmitidas ao vivo pela televisão, e tudo é dissecado: passado, experiência profissional, primeiros trabalhos escritos, equidade e moralidade.

Desde a designação de Kagan pelo presidente Obama, no dia 10 de maio, para suceder ao juiz John Paul Stevens, 90 anos, que anunciou sua partida em abril, a imprensa americana vem escrevendo uma enorme quantidade de artigos sobre a candidata.

Sua infância em Manhattan nos anos 60 e 70, seus estudos em Princeton, seus serviços na reitoria da Faculdade de Direito de Harvard - sua carreira jurídica foram dissecados nos menores detalhes.

Sem nunca ter sido juíza, Kagan nunca proferiu uma sentença. Sua candidatura à magistratura havia sido rejeitada pelo Senado em 1999.

Os republicanos do Senado, no entanto, estão mais interessados em obter informações da época em que ela era assessora na Casa Branca, durante a presidência de Bill Clinton.

"A candidata apresenta certo número de elementos controversos em seu passado", afirmou na terça-feira da semana passada o líder republicano da comissão jurídica do Senado, Jeff Sessions, lamentando as posições de "esquerda" de Kagan.

Os republicanos relembram o fato de que ela, no passado, havia recusado a entrada no campus de Harvard de militares que vieram realizar recrutamento, uma prática tradicional da prestigiosa universidade. Mas seus defensores afirmavam que o alistamento poderia ser realizado via organizações estudantis.

Na sexta-feira, o senador do Texas, John Cornyn, estimou que no passado Kagan posicionou-se contra o direito de portar armas, inscrito na segunda emenda da Constituição.

Em contrapartida, à esquerda, alguns, como o Centro pelos Direitos Constitucionais (CCR) que defendem os detentos de Guantánamo, criticam seu posicionamento muito favorável ao reforço dos poderes presidenciais, em particular sobre as questões de terrorismo.

O presidente Obama encorajou no domingo, em Toronto, onde participou da cúpula do G20, os senadores a fazerem "perguntas difíceis" a Kagan, estimando que os ataques sofridos até o momento não foram nada.

Depois da sabatina, a comissão do Senado deverá se pronunciar sobre sua nomeação que ainda deve ser aprovada no plenário, provavelmente antes do fim de julho ou início de agosto.

Durante os últimos 40 anos, um quarto dos candidatos foi rejeitado.