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Irã é alvo de novas sanções dos EUA

Congresso aprova pacote de medidas em represália a programa de energia

O Congresso dos Estados Unidos aprovou ontem à noite, por ampla maioria, um pacote de sanções unilaterais contra o Irã, em mais uma investida para forçar o país a abandonar seu programa nuclear. Negociado na Câmara e no Senado, o projeto reforça uma legislação já em vigor, ampliando restrições econômicas, a fim de isolar os setores de energia e bancário do Irã, o que também poderá prejudicar empresas estrangeiras que mantêm negócios com Teerã. Tenta, por exemplo, obstruir o abastecimento de gasolina ao país islâmico, que não dispõe de capacidade suficiente de refinamento. O texto agora será enviado à Casa Branca para sanção do presidente Barack Obama.

Antes mesmo da aprovação do pacote norte-americano, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, havia lançado um novo desafio ao Ocidente ao alertar que vai impôr bases para dialogar com o grupo 5 1 ; formado por Estados Unidos, França, Rússia, Reino Unido, China e Alemanha. ;A República Islâmica do Irã anunciará na próxima semana as condições para negociar com os países que votaram uma resolução contra nosso país;, afirmou o líder, citado pelo site da TV estatal Irib. ;Eles adotam uma resolução e nos dizem, depois, para negociar. Muito bem, vamos negociar de tal maneira que eles vão lamentar, e nunca mais se atreverão a cometer esse tipo de erro;, acrescentou.

Ahmadinejad prometeu que o povo iraniano vai ;neutralizar; as ameaças representadas pelo Ocidente. ;Os países que votaram pela resolução contra o Irã têm medo, já que imediatamente (depois da aprovação das sanções) pediram ao Irã que negociasse;, lembrou. O Conselho de Segurança da ONU impôs um quarto pacote de sanções contra o regime islâmico por sua recusa em abandonar o controverso programa de enriquecimento de urânio. As potências ocidentais temem que Teerã esteja se preparando para obter material nuclear suficiente para a construção de armas atômicas(1).

O iraniano Nader Entessar ; professor do Departamento de Ciência Política e Justiça Criminal da Universidade do Sul do Alabama ; explica ao Correio que, em situações assimétricas de negociações internacionais, a parte mais fraca tende a colocar suas demandas em termos maximalistas. ;Nesse caso, o Irã é o lado mais frágil, com poucas cartas para jogar. Por isso, não se pode levar a retórica de Ahmadinejad como uma oferta final e absoluta;, comenta. ;A intenção dele é que o Ocidente faça demandas para mais concessões.;

Poucas opções
Entessar acredita que as opções de Teerã são limitadas, especialmente pelo fato de a negociação envolver China e Rússia, importantes parceiros comerciais. ;O Irã pode retaliar contra países europeus, principalmente no que diz respeito ao comércio. Mas suas alternativas para lidar com Pequim e Moscou são restritas;, admite. Para o especialista, um acordo firmado entre o Irã e o grupo dos 5 1 será semelhante à Declaração de Teerã, assinada com o Brasil e a Turquia. ;O Irã continuará a ter capacidade de enriquecimento de urânio, enquanto enviar muito de seu suprimento para processamento no exterior;, acrescenta.

Ele aposta que a janela de oportunidade para um pacto está se fechando rapidamente. De acordo com Entessar, o Irã tem 17kg de urânio enriquecido a 20% e essa capacidade pode aumentar, caso seja de interesse dos aiatolás. ;O fato de o Irã ser cercado por países nucleares é altamente ameaçador;, observa o analista.


1 - Contra a proliferação
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, aproveitou sua estada em Ashkhabad (Turcomenistão) ; onde participa de uma conferência internacional sobre desarmamento nuclear ; para tranquilizar o mundo. Ele garantiu que seu país apoia o desmantelamento de armas atômicas em todo o planeta. ;Possuir armas nucleares, de qualquer forma ou em qualquer quantidade, é ilegítimo;, declarou o chanceler, para quem o uso desse tipo de arsenal é ;o pior tipo de chantagem política;.