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Menor nos Estados Unidos, consumo de cocaína aumenta na Europa e na América do Sul

Brasília ; O consumo de cocaína vem aumentando na Europa e em alguns países da América do Sul e diminuindo nos Estados Unidos. A constatação é do Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crimes (Unodc, na sigla em inglês), no Relatório Mundial sobre Drogas 2010, divulgado nesta quarta-feira (23/6). Na Europa, o número de usuários passou de 2 milhões em 1998 para 4,1 milhões em 2008. Já nos Estados Unidos, de 1982 a 2008, o total de consumidores caiu praticametne pela metade, de 10,5 milhões para 5,3 milhões.

Segundo o relatório, aumentos de consumo na América do Sul foram registrados na Venezuela, na Argentina, no Uruguai e no Brasil, sendo que os dados brasileiros são de 2005. O consumo de cocaína na América do Sul é de 0,9% a 1% da população entre 15 e 64 anos, índice comparável ao observado na Europa. O Brasil e a Argentina são os maiores mercados de cocaína na América do Sul em termos absolutos ; mais de 900 mil e 600 mil usuários, respectivamente.

O secretário nacional de Política Sobre Drogas, Paulo Roberto Uchôa, destacou que os dados do relatório não são uma surpresa para as autoridades brasileiras. ;Não há qualquer dado que nos deixe em estado de alerta nacional. O problema é mundial. Existem dezenas de países com situação pior que a nossa;.

Ele admitiu, no entanto, que a posição geográfica do Brasil é um diferencial em relação aos demais países no sentido de facilitar a entrada da droga no território brasileiro. ;O Brasil é o o único país que tem fronteira com os três maiores produtores de coca do mundo: Venezuela, Bolívia e Peru e com o segundo maior [produtor] de maconha, o Paraguai. São 9 mil quilômetros de fronteira contínua com os quatro países;, destacou.

O relatório mostrou também que a maconha continua sendo a droga mais produzida e consumida no mundo, apesar da redução constatada nos Estados Unidos e em parte da Europa, principais mercados da droga. A maconha é cultivada em quase todos os países do mundo e consumida por aproximadamente 190 milhões de pessoas, pelo menos uma vez ao ano.

O representante regional do Unodc, Bo Mathiasen, questionou a defesa feita por alguns grupos internacionais de liberalizar a maconha. Segundo ele, a potência da THC (tetrahidrocanabinol), substância química fabricada pela própria planta responsável pelos efeitos da maconha, tem aumentado ao longo dos anos. ;Houve um aumento da potência da droga de 1985 para 2008, em função das modificações genéticas sofridas pela planta;, afirmou.