[SAIBAMAIS]O general americano Stanley McChrystal, comandante das forças internacionais no Afeganistão, foi convocado para ir à Casa Branca para prestar explicações sobre uma entrevista na qual critica os membros a segurança nacional e ironiza, entre outros, o próprio presidente Barack Obama.
"McChrystal foi convocado a assistir a reunião mensal (de quarta-feira) sobre o Afeganistão e Paquistão pessoalmente ao invés de participar por teleconferência para explicar ao Pentágono e ao comandante-em-chefe suas declarações", afirmou um alto funcionário da Casa Branca.
Em um longo artigo publicado na segunda-feira pela revista Rolling Stone, McChrystal, comandante dos 142.000 soldados da coalizão no Afeganistão, ironiza abertamente o vice-presidente Joe Biden, conhecido por seu ceticismo ante a estratégia militar naquele país.
O general também afirma ter se sentido traído pelo embaixador americano em Cabul, Karl Eikenberry, durante um debate no ano passado na Casa Branca sobre estratégia no Afeganistão.
No artigo, McChrystal denigre igualmente o enviado especial dos Estados Unidos para o Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke.
Da mesma forma, se refere a Barack Obama, recordando os atritos entre o exército e a Casa Branca no ano passado, quando o presidente refletia sobre o envio de reforços pedidos por McChrystal. O general afirma que foi um momento "penoso".
E um assessor não identificado de McChrystal comenta no artigo que o general ficou frustrado depois de se reunir com Obama há um ano.
"Foi uma sessão fotográfica de 10 minutos", afirmou esse assessor. "Obama claramente não sabia nada sobre ele, quem era ele... Ele não parecia muito comprometido", acrescentou.
O colaborador de McChrystal também classifica o assessor de segurança nacional Jim Jones, general reformado de "palhaço que está parado em 1985".
McChrystal emitiu um comunicado de última hora na segunda-feira, desculpando-se por suas declarações.
"Estendo minhas mais sinceras desculpas por este artigo", afirma McChrystal em um texto divulgado horas depois que a matéria, intitulada "O general fugitivo" ("The Runaway General"), fosse publicada. "Foi um erro que reflete pouco critério e que nunca deveria ter acontecido".
O chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o almirante Michael Mullen, falou com McChrystal depois do explosivo artigo, segundo informou um porta-voz.
"Mullen falou com o general McChrystal na noite de segunda-feira sobre o artigo e expressou sua profunda decepção", afirmou o capitão John Kirby.
McChrystal, ex-chefe de operações especiais, sempre falou com cautela em público e manteve uma boa relação com a mídia americana desde que assumiu a liderança da força dirigida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no ano passado.
Em função da crise que se anuncia, o senador John Kerry pediu calma e serenidade.
"A prioridade é nossa missão no Afeganistão e nossa capacidade de avançar de maneira competente", afirmou Kerry, acrescentando que Obama é quem decidirá se substituirá o comandante.
O senador democrata, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, disse que conversou com o general por telefone. "Enfatizei a ele que, obviamente, esses são comentários com os quais terá de lidar".
"Minha impressão é que todos estaríamos melhor se déssemos marcha ré, e permanecêssemos calmos e serenos" em relação às críticas de McChrystal contra os funcionários da segurança nacional em Washington.