O paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad admitiu, esta segunda-feira (21/6), a culpa pelo atentado frustrado na Times Square, no mês passado, alertando que os Estados Unidos podem sofrer novos ataques por causa de sua ocupação em países muçulmanos.
Perguntado pelo juiz se confirmava ser culpado das 10 acusações que pesam contra ele, incluindo terrorismo e tentativa de uso de uma arma de destruição em massa, Shahzad, de 30 anos, que pode ser condenado à prisão perpétua, disse, simplesmente "sim."
"Nós vamos atacar os Estados Unidos", alertou, explicando que sua motivação para planejar o atentado na Times Square foi a ocupação americana de países muçulmanos, como Afeganistão, Iraque e Somália.
Shahzad foi tirado de um voo com destino a Dubai em 3 de maio, dois dias depois de estacionar um carro contendo um explosivo rudimentar na Broadway, distrito de entretenimento de Nova York.
A tentativa de atentado em uma movimentada noite de sábado, em frente a um teatro onde se apresentava o espetáculo "O Rei Leão", foi descoberto quando vendedores de rua viram fumaça saindo da traseira de uma Nissan Pathfinder e alertaram as autoridades.
Uma caçada humana de 53 horas se seguiu, terminando com a detenção de Shahzad no avião que estava prestes a decolar do aeroporto John F. Kennedy Airport com destino a Dubai.
Uma vez detido, Shahzad foi bastante cooperativo, abrindo mão do direito que protege os acusados de criarem provas contra si mesmos, disseram oficiais judiciários.
Usando um ;doppa; (barrete muçulmano), Shahzad contou ao juiz que ter passado por treinamento para fabricação de bombas durante uma temporada de 40 dias que passou com os talibãs no Paquistão, entre 9 de dezembro e 25 de janeiro.
Os cinco dias de treinamento incluíram "de tudo - como fazer uma bomba, como detoná-la", revelou.
Então, Shahzad voltou aos Estados Unidos e planejou o ataque, agindo "completamenre sozinho. Ninguém me ajudou", contou ele ao juiz.
Segundo a acusação, Shahzad teria recebido dois pagamentos totalizando 12 mil dólares de um cooperador não identificado no Paquistão.
Em março, ele usou o dinheiro para compar um rifle semiautomático 9 mm Kel-Tec, e em abril ele adquiriu a Nissan Pathfinder, pela qual pagou 1.300 dólares.
Em seguida, comprou componentes para "dispositivos incendiários e explosivos improvisados", os carregou na Pathfinder, e em 1; de maio, dirigiu o utilitário até a Times Square, disse a acusação.
Shahzad se declarou culpado de tentativa de uso de arma de destruição em massa, tentativa de terrorismo transfronteiriço, tentativa de uso de dispositivo de destruição em uma conspiração terrorista e uma série de outras acusações relacionadas a conspiração, explosivos e armas.
Filho de um respeitado oficial da Força Aérea Paquistanesa, Shahzad passou por uma escola de elite da Aeronáutica paquistanesa antes de chegar aos Estados Unidos para estudar, aos 18 anos.
Naturalizado americano, ele passou grande parte da última década nos Estados Unidos.
O atentado frustrado contra a Times Square deixou moradores, turistas e autoridades nova-iorquinas assustadas. Autoridades aeronáuticas também modificaram as regras de segurança, reduzindo o tempo para que as companhias aéreas chequem atualizações de "no-fly lists" - listas de pessoas proibidas de voar - depois que Shahzad conseguiu embarcar apesar de ter sido incluído em nesta lista.