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Irã exige substituição de dois inspetores da AIEA acusados de parcialidade

O Irã expressou nesta segunda-feira (21/6) seu descontentamento em relação à agência nuclear da ONU ao pedir que sejam substituídos dois inspetores aos quais considera parciais, poucos dias depois que o Conselho de Segurança impôs a República Islâmica novas sanções por seu programa nuclear.

"Demos à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) o nome de dois inspetores que já não têm o direito de voltar ao Irã, pois divulgaram um informe (da AIEA sobre o Irã) antes de que fosse anunciado oficialmente, e deram falsas informações", anunciou Ali Akbar Salehi, chefe da Organização Iraniana da Energia Atômica (OIEA).

Salehi não revelou o nome ou a nacionalidade dos dois inspetores, apesar desta decisão não colocar em dúvida a cooperação do Irã com o organismo internacional.

O Irã anunciou essa medida depois da publicação de um novo informe da AIEA, que conclui que é impossível confirmar o caráter puramente pacífico do programa nuclear da República Islâmica.

Esse informe expressa, além disso, a preocupação da AIEA sobre a verdadeira natureza do programa iraniano, aludindo à "possível existência de atividades secretas, passadas ou presentes, vinculadas ao setor nuclear, que envolvem organizações ligadas ao exército".

Fontes próximas da AIEA em Viena admitiram que os Estados podem rejeitar inspetores e pedir à agência que proponham outros.

"Um Estado tem direito de deixar entrar ou não alguém", indicaram essas fontes.

[SAIBAMAIS]Mas estas mesmas fontes expressaram sua surpresa pelo fato de que o Irã acuse duas pessoas em particular, já que o informe incriminado por Teerã é produto de uma "obra coletiva", redigida por cerca de vinte colaboradores da agência nuclear da ONU.

Salehi reiterou, no entanto, as críticas de seu país contra o informe "totalmente errôneo" da AIEA, alegando que os inspetores sancionados informaram sobre fatos "incorretas".

Os ocidentais temem que o Irã, sob pretexto de conduzir um programa nuclear civil, pretenda fabricar uma bomba atômica, algo que Teerã desmente categoricamente.

Essas suspeitas e a suposta falta de transparência de Teerã sobre seu programa nuclear levaram em 9 de junho passado o Conselho de Segurança da ONU a adotar uma nova série de sanções contra a República Islâmica.

Segundo informou nesta segunda-feira o jornal Gulf News, os Emirados Árabes Unidos (EAU) fecharam os escritórios de umas 40 empresas locais acusadas de violar as sanções impostas pelo Conselho de Segurança.

Este jornal em idioma inglês afirmou que as firmas comercializavam com "perigosos produtos de duplo uso proibidos pelas resoluções da ONU e o Tratado de Não-Proliferação Nuclear".