As Nações Unidas fizeram um apelo humanitário urgente para ajudar as milhares de pessoas afetadas pelos confrontos interétnicos no sul do Quirguistão.
Na véspera, a presidente interina do Quirguistão, Rosa Otunbayeva, reconheceu que os confrontos étnicos deixaram quase dois mil mortos - dez vezes o balanço atual -, durante visita ao sul do país, onde a ONU estima que haja até um milhão de afetados.
O enviado americano à região, Robert Blake, deve se reunir com representantes do governo interno, no poder desde a revolta de abril.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na sexta-feira um fundo de urgência de 71 milhões de dólares para ajuda humanitária e anunciou que fará na próxima semana um apelo em separado para o vizinho Uzbequistão, para onde milhares de pessoas fugiram da violência.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU anunciou neste sábado que a partir de domingo organizará uma ponte aérea a partir de Dubai para transportar ajuda alimentar para os dois países.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que os choques afetaram direta ou indiretamente cerca de um milhão de pessoas nessa ex-república soviéitca da Ásia Central, onde a Rússia tem uma base militar e os Estados Unidos, uma aérea, considerada chave para abastecer suas tropas no Afeganistão.
Estes números - 300 mil refugiados que se viram forçados a cruzar a fronteira com o Uzbequistão e outros 700 mil deslocados internos - constitui "o pior panorama", confessou à AFP Giuseppe Annunziata, coordenador do programa de ajuda de emergência da OMS.
Otunbayeva, por sua vez, negou que o governo provisório seja incapaz de deter a violência e administrar a crise humanitária.
Mas, à noite declarou que as tropas russas protegeriam instalações energéticas do país, sem detalhar quais.
Robert Blake exigiu uma "investigação independente" e instou o Quirguistão a "pôr um fim à violência que ocasiona uma multidão de refugiados".
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas pediu ao governo quirguiz provisório uma "investigação exaustiva e transparente" sobre o ocorrido e duas ONGs, a International Crisis Group (ICG) e a Human Rights Watch, dizem ter escrito ao Conselho de Segurança da ONU para pedir "medidas imediatas" para resolver esta situação.