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Israel flexibiliza o bloqueio a Gaza

O governo israelense decidiu suavizar o bloqueio à Faixa de Gaza, facilitando a entrada de bens de uso civil e de materiais para projetos civis nesse território palestino governado pelo movimento islamita Hamas, anunciou nesta quinta-feira (17/6) o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A decisão foi adotada sob forte pressão internacional, que aumentou depois da onda de indignação causada pelo violento ataque israelense em 31 de maio contra uma frota humanitária que levava ajuda para a Gaza e no qual morreram nove cidadãos turcos.

Gaza, onde 80% de seus 1,5 milhão de habitantes dependem da ajuda internacional para viver, está submetida a um férreo bloqueio imposto por Israel desde 2007, quando o Hamas tomou o poder do encrave das mãos da Autoridade Palestina de Mahmud Abbas.

O gabinete de segurança israelense, integrado pela metade dos membros do governo, decidiu ao final de dois dias de discussões "liberalizar o sistema mediante o qual os bens de uso entram em Gaza e amplie o fluxo de materiais para projetos civis que sejam realizados sob supervisão internacional", indica o comunicado do gabinete.

Mas Israel "manterá os atuais procedimentos de segurança para impedir a entrada de armas e material militar", acrescenta o texto.

O comunicado se abstém de especificar quais serão as medidas concretas e se limita a assinalar que o gabinete de segurança manterá novas reuniões no próximo dias.

Netanyahu já havia advertido que Israel manterá o bloqueio marítimo de Gaza.

O gabinete de segurança voltou a pedir, por outro lado, o apoio da comunidade internacional para obter a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, capturado por um comando palestino em junho de 2006 e que continua em mãos do Hamas.

O Hamas, por sua vez, rejeitou o anúncio sobre a flexibilização de seu bloqueio e exigiu seu levantamento total.

"Rejeitamos a decisão sionista, que constitui uma tentativa de esquivar da decisão internacional de um levantamento completo do bloqueio da Faixa de Gaza", declarou Ismail Radwan, dirigente do Hamas, que também denunciou uma "tentativa de atenuar a pressão internacional para poder continuar com o sítio a Gaza".

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) informaram na segunda-feira que haviam recebido indicações de que Israel iria suavizar o bloqueio, o que classificaram de inaceitável, dizendo-se dispostos a ajudar a implantar um mecanismo de controle de entrada de mercadorias no território palestino.

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio (formado pelos Estados Unidos, a UE, Rússia e ONU), informou nessa região ter obtido um acordo de princípio por parte israelense para suavizar o bloqueio.

Segundo a imprensa israelense, as novas medidas incluem a elaboração de uma lista negra de 120 produtos ou materiais que terão o acesso vedado a Gaza por serem utilizados com fins militares.

Israel autorizou na quarta a entrada em Gaza de oito caminhões com talheres e outros utensílios de cozinha, pela primeira vez desde 2006.

Um dirigente para assuntos de fronteira da Autoridade Palestina, Raed Fatuh, indicou que atualmente existem 140 produtos com a entrada permitida em Gaza. Segundo a organização israelense de defesa dos direitos humanos Gisha, antes de 2007 Israel autorizava a entrada de mais de 4.000 produtos.