Um aperitivo polêmico à base de "vinho e embutidos", que grupos de extrema direita, soberanistas, feministas e militantes laicos radicais haviam convocado para a sexta-feira, em um bairro parisiense de forte população muçulmana, foi proibido pela polícia.
O aperitivo gigante em Goutte d;Or, um bairro popular do norte de Paris, que forças políticas de esquerda qualificaram de "racista" e "provocador", foi proibido pelo comando da polícia de Paris.
"O chefe de polícia decidiu proibir por decreto a manifestação declarada e qualquer outro projeto de contra-manifestação previsto neste mesmo bairro em 18 de junho à noite", anunciou a prefeitura, em um comunicado.
A polícia justificou sua decisão de que "esta iniciativa na via pública cria graves riscos de distúrbios à ordem pública".
A decisão da polícia, à qual apelaram várias destas forças políticas de esquerda, pôs fim, pelo menos em termos legais à controversa lançada pela rede social Facebook difundida pelo denominado "Bloco soberanista", um grupo de extrema direita.
Este grupo fez eco ao convite público a um "aperitivo gigante com vinho e embutidos" na Goutte d;Or para a próxima sexta-feira.
Partidos de esquerda interpretaram a convocação como uma provocação contra os muçulmanos, que não comem carne de porco, nem tomam bebidas alcoólicas.
Os impulsionadores da iniciativa, proposta para sexta-feira, dia santo para os seguidores do Islã, se queixam de que as ruas deste bairro "estejam ocupadas, sobretudo nesse dia da semana, por adversários de nossos vinhos e nossos produtos de charcutaria", segundo uma das organizadoras, que não quis dar seu nome verdadeiro, identificando-se como Sylvie François.
Tom semelhante adotou o fundador da ;Riposte Laique; (Resposta Laica), Pierre Cassen, que se apresenta como um grupo de esquerda antirreligiosa.
"As ruas deste bairro são ocupadas por muçulmanos que não respeitam as leis da República", disse Cassen ao canal de TV i-Telé, antes de afirmar que rejeita a "ofensiva fascista islamita na França".
Os vereadores comunistas deste bairro pediram imediatamente à polícia de Paris que proíba a iniciativa, pois é uma "manobra grosseira que cheira a racismo".
O prefeito de Paris, o socialista Bertrand Delanoe, expressou "preocupação" com semelhante convocação e pediu que se "tomem todas as medidas necessárias para evitar qualquer excesso".
A França, país de tradição laica, que abriga a maior comunidade muçulmana da Europa, com seis milhões de pessoas, proibiu em 2004 o uso de "signos religiosos ostensivos" como o véu islâmico nos colégios secundaristas.
O atual governo de direita impulsiona a proibição do uso da burca e do niqab, véus integrais islâmicos, em instituições públicas e na rua, embora só 2.000 mulheres os usem.