O Afeganistão possui quase um trilhão de dólares em reservas minerais ainda inexploradas, segundo um estudo de geólogos americanos, que incluem reservas de lítios tão importantes quanto as da Bolívia, mas existem dúvidas sobre se o devastado país, corroído pela corrupção, poderá gerir esta riqueza.
Estas informações foram reveladas em janeiro pelo presidente afegão Hamid Karzai, mas só agora foram confirmadas pelos geólogos americanos que encontraram essas reservas em 2004, segundo o jornal New York Times.
Segundo o jornal americano, a descoberta foi feita através de mapas geológicos dos anos 1980 elaborados por soviéticos e escondidos por geólogos afegãos durante a Guerra Civil (1992-1996) e o regime dos talibãs (1996-2001).
Estas reservas, que incluem ferro, ouro, nióbio e cobalto, seriam suficientes para fazer deste país devastado pela guerra um dos primeiros exportadores mundiais de minérios.
Só as reservas de lítio do Afeganistão seriam comparáveis às da Bolívia, país que tem as maiores reservas deste minério que é componente indispensável das baterias recarregáveis, usadas por celulares e computadores.
O Afeganistão poderá virar a "Arábia Saudita do lítio", segundo uma nota interna do Pentágono citada pelo jornal.
"Os recursos naturais do Afeganistão terão um papel determinante no desenvolvimento econômico do país", declarou à AFP Jawad Omar, porta-voz do ministério afegão de Minas e Indústria.
Da mesma forma, as reservas de ferro e de cobre poderão fazer do Afeganistão - um dos países mais pobre do mundo - um dos principais exportadores mundiais desse minério.
"Há um potencial sensacional", declarou ao New York Times o general David Petraeus, chefe do Estado-maior das forças armadas americana.
A descoberta foi feita por uma pequena equipe de geólogos e dirigentes do Pentágono que utilizaram os mapas e os dados coletados pelos especialistas durante a ocupação desse país pela URSS nos anos 1980.
Os geólogos afegãos esconderam os mapas para protegê-los depois da retirada da URSS e eles permaneceram ocultos até a queda dos talibãs em 2001.
"Tínhamos os mapas, mas não foram explorados porque tivemos de 30 a 35 anos de guerra", explicou Ahmad Hujabre, engenheiro afegão que trabalhou no ministério de Minas nos anos 1970.
O Afeganistão poderá, no entanto, encontrar problemas para exportar esses minérios pela escassa rede de suas infraestruturas. Só uma rota importante une o Norte e o Sul do país e nela quase diariamente explodem minas de fabricação caseira.
"Duvido que o país seja capaz de gerir adequadamente estes recursos e ou utilizar estas riquezas para construir um Afeganistão mais pacífico e mais próspero", afirmou Janan Mosazai, um analista político.