Os serviços secretos do Paquistão (Inter-Services Intelligence, ISI) fornecem recursos, treino e proteção aos talibãs no Afeganistão, segundo estudo publicado neste domingo em Londres.
O exército paquistanês negou a afirmação, qualificando o informe, elaborado pela London School of Economics (LSE), de "malicioso" e "sem fundamento".
O estudo da LSE é baseado em entrevistas feitas com nove comandantes talibãs no Afeganistão, realizadas entre fevereiro e maio deste ano, comprovando que suas relações vão muito além do que se sabia até agora.
"Os talibãs gozam de importante apoio em nível interno, e os serviços secretos ISI organizam e influenciam profundamente o movimento", sustenta o autor do relatório, Matt Waldman, pesquisador da Universidade de Harvard.
Nas palavras dos comandantes talibãs, o apoio dado a eles é ;tão claro como o Sol no céu;.
Segundo Waldman, o ISI parece ter "influência significativa" na tomada de decisões estratégicas do grupo e nas operações, controlando os focos da guerrilha mais violentos, alguns deles, ao que tudo indica, com base no Paquistão.
O informe sustenta, também, que o presidente paquistanês Asif Ali Zardari em pessoa assegurou a importantes dirigentes talibãs prisioneiros que eles pertenciam a "seu povo" e que contavam com seu apoio. Aparentemente, Zardari chegou até a autorizar que alguns deles saíssem das prisões.
A publicação do estudo motivou uma reação de cólera entre os militares paquistaneses.
"Faz parte de campanha maliciosa contra o exército paquistanês e o ISI", disse o porta-voz do exército do Paquistão, general Athar Abbas, à AFP.
A acusação "não tem fundamento. Os sacrifícios feitos pelo exército paquistanês e o ISI, e as víctimas da guerra contra o terrorismo, falam por si sós", acrescentou. "Apresentaremos uma série de questões sobre a credibilidade deste informe", insistiu.