Setenta e cinco opositores cubanos, dos quais vários presos políticos, pediram ao Congresso dos Estados Unidos aprovar um projeto de lei que autorizaria viagens de americanos e facilitaria a venda de alimentos para a ilha, segundo carta divulgada esta quinta-feira.
"O isolamento do povo de Cuba beneficia os interesses mais imobilistas do governo, enquanto a abertura serve para informar e empoderar os cubanos e ajudar a um maior fortalecimento da nossa sociedade civil", diz o texto dos dissidentes, considerados por Havana "mercenários" de Washington.
Entre os signatários estão o ciberjornalistas Guillermo Fariñas, em greve de fome há mais de 100 dias pela libertação de presos políticos doentes, a blogueira Yoani Sánchez, o ativista de direitos humanos Elizardo Sánchez, e os presos José Luis García e Ricardo González.
Segundo o texto, os turistas americanos poderiam "ser testemunhas dos sofrimentos do povo cubano", além de "sensibilizar-se mais com a necessidade das mudanças" e "ser pontes solidárias e próximas para favorecer" a "transição".
Os Estados Unidos mantêm um embargo sobre Cuba desde 1962 para pressionar mudanças na ilha, mas no ano 2000 o Congresso aprovou uma exceção que permite a venda de alimentos à ilha, com pagamento à vista e transporte em barcos não cubanos.
O projeto parlamentar flexibilizaria os requisitos para estas transações, que em 2009 passaram os 675 milhões de dólares e situaram os Estados Unidos como o quinto parceiro comercial de Cuba.
O embargo, que Havana considera "genocida", também proíbe viagens de americanos a Cuba, com exceção de esportistas, religiosos e cientistas, com permissão do Departamento do Tesouro.
Fontes da dissidência disseram que a carta foi entregue no Congresso, em Washington, por exilados cubanos.