Mesmo com as atenções do dia voltadas para Israel, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se ontem para discutir as sanções contra o Irã, que Washington quer ver aprovadas até 21 de junho. Diplomatas europeus e americanos acreditam que a votação possa ocorrer amanhã, segundo o site Politico, e a agência de notícias Associated Press citou fontes diplomáticas segundo as quais o texto final da resolução estaria pronto. De acordo com a AP, a redação incluiria a proibição de que o Irã realize ;qualquer atividade relacionada a mísseis balísticos capazes de lançarem armas nucleares;.
Horas antes do início da reunião em Nova York, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse acreditar que Teerã tentará ;alguma manobra; para tentar evitar as sanções nos próximos dias. ;Mas temos os votos; para aprovar a nova rodada de embargos, garantiu Hillary. ;Acho que ninguém vai se surpreender se eles tentarem desviar mais uma vez a atenção da unidade dentro do Conselho de Segurança. Acho que veremos algo aparecendo nas próximas 24 a 48 horas;, disse a secretária ao embarcar para o Peru, para a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A secretária deve aproveitar para falar também de Irã aos países da região, mas não encontrará um dos principais interessados ; o colega brasileiro, Celso Amorim, que optou por mandar para Lima o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota.
Em Nova York, representantes dos 15 membros do Conselho de Segurança ouviram os EUA insistirem na necessidade de aprovar o quanto antes a quarta rodada de sanções contra Teerã. ;A meta é quarta-feira;, disse um alto diplomata europeu ao Politico. Mais cedo, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley, disse que o projeto deverá ser votado ;nesta semana;. Na reunião de ontem, o Brasil esteve representado pela embaixadora do país na ONU, Maria Luiza Viotti. No último dia 18, ela abandonou a reunião do conselho quando os EUA apresentavam o rascunho das sanções.
Os 15 países-membros estudam há três semanas o texto proposto por Washington, e que já tem o aval de França, Reino Unido, China e Rússia. A aprovação das sanções depende do voto dos cinco membros permanentes e de pelo menos quatro não permanentes. Ontem, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, pediu mais uma vez a Teerã que coopere para ;confirmar que todo o seu material nuclear é para atividades pacíficas;. Em discurso diante dos 35 países-membros, Amano também disse estar ;esperando; a resposta de Rússia e França sobre o acordo de troca de urânio assinado por Irã, Brasil e Turquia.
Sequestro
A ;manobra; do Irã anunciada por Hillary pode ser a entrevista, divulgada ontem à noite pela emissora iraniana Irib, com o físico nuclear iraniano Shahram Amiri, desaparecido em 2009 na Arábia Saudita. Amiri, que disse estar atualmente na cidade de Tucson, no Arizona, acusou os EUA de o terem sequestrado durante peregrinação a Meca. No fim de março, a emissora americana ABC havia divulgado que o físico estava colaborando com a inteligência norte-americana.
Hillary pede volta de Honduras
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu que a Organização dos Estados Americanos (OEA) readmita Honduras no organismo, do qual foi suspensa no ano passado, depois do golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zalaya. ;Este é o momento para o hemisfério como um todo avançar e dar as boas-vindas ao retorno de Honduras;, disse a secretária diante dos representantes dos 33 países-membros, reunidos em Lima. Nicarágua e Guatemala sugeriram que o retorno de Honduras entrasse na pauta da Assembleia Geral. ;Não nos parecia conveniente abrir o debate;, disse a chanceler do México, Patricia Espinosa.