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Exército israelense mata quatro ativistas palestinos no mar de Gaza

Quatro membros de um grupo armado de mergulhadores palestinos foram mortos por soldados israelenses nesta segunda-feira (7/6). As vítimas estavam em um barco à altura de Gaza, segundo informações do próprio Exército, que alega ter frustrado um ataque terrorista.

Segundo testemunhos de palestinos, o barco no qual se encontram os ativistas foi atacado por lanchas motorizadas e helicópteros israelenses diante do litoral palestino, à altura do campo de refugiados de Nuseirat, ao sul da cidade de Gaza. Duas horas depois, foram resgatados os corpos. A busca prosseguia para tentar localizar outros dois passageiros, dados por desaparecidos.

Indagado pela AFP, um porta-voz do exército israelense confirmou que uma patrulha da marinha avistou uma embarcação com um grupo a bordo a caminho de realizar um ataque terrorista, sem dar maiores detalhes.

Um chefe das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, um grupo armado vinculado com o Fatah, o partido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, confirmou à AFP que os quatro mortos eram ativistas, mas precisou que se tratava de um treinamento e não de uma operação.

Pressão mundial
Em meio à pressão internacional por estar interceptando missões humanitárias para Gaza, Israel anunciou ter expulsado as 19 pessoas que viajavam a bordo do navio irlandês "Rachel Corrie", que tentava levar ajuda humanitária ao território palestino.

Cinco irlandeses, entre eles a Prêmio Nobel da Paz Mairead Maguire, defensora da causa palestina, deixaram o país na manhã desta segunda em um avião rumo a Dublin.

[SAIBAMAIS]Um cubano e seis malaios - o deputado Mohd Nizar Zakaria, dois jornalistas da televisão malaia TV3 e três empregados da organização Perdana Global Peace - haviam sido expulsos no domingo pela passagem fronteiriça da ponte de Alenby que leva à Jordânia. Os outros sete membros da missão humanitária - seis filipinos e um britânico - também saíram de Israel no domingo.

Crescente Vermelhe segue para Gaza
Nesse contexto, a Crescente Vermelha iraniana anunciou que enviará três barcos, dois deles antes do final da semana, e um avião de ajuda humanitária a Gaza. "Estamos alugando dois barcos, um que transportará 70 trabalhadores humanitários, enfermeiros e médicos, e outro com medicamentos e alimentos para a população de Gaza", declarou o diretor internacional da Crescente Vermelha, Abdolrauf Adibzadeh, à tv estatal iraniana. Eles também vão enviar um avião carregado com 30 toneladas de ajuda humanitária a Gaza através do Egito.

No plano político, os sete principais ministros do governo de Benjamin Netanyahu discutiram que atitude adotar frente às pressões cada vez maiores para que se crie uma comissão de investigação internacional sobre o a ataque, em 31 de maio, do exército israelense contra a frota humanitária, que deixou nove mortos a bordo do navio turco "Mavi Marmara".

Segundo a rádio pública, eles pensam em criar uma comissão de verificação interna israelense sobre as circunstâncias da violenta abordagem e sobre os aspectos legais do bloqueio de Gaza, segundo o direito internacional, o que poderá contar com observadores estrangeiros. Até o momento não foi anunciada qualquer decisão oficial.

A Turquia, que adotou sanções diplomáticas contra Israel por causa do ataque a seu navio, excluiu qualquer normalização de suas relações com Israel caso o Estado hebreu recuse a essa investigação independente da ONU, conforme declarou nesta segunda-feira o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu. ;Se Israel der sua aprovação à criação de uma comissão internacional e estiver disposto a responder a esta comissão, naturalmente as relações tomarão outro caminho. Mas se Israel continuar evitando isso, a normalização das relações estará totalmente excluída", declarou o chanceler aos jornalistas.