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Líderes mundiais querem que Israel aceite um comitê internacional para avaliar a ação contra navio

Premiê Benjamin Netanyahu não gosta da ideia

Uma semana após a violenta ação contra uma frotilha que tentava furar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se depara com uma situação cada vez mais delicada. Depois de garantir que não vai ceder às pressões internacionais para suspender o bloqueio à região palestina, o premiê foi colocado novamente contra a parede para aceitar que uma comissão internacional investigue a ação contra o navio Mavi Marmara, que deixou nove mortos. Na tarde de ontem, o embaixador israelense em Washington, Michael Oren, chegou a afirmar à FoxNews que seu país rejeitava uma ;investigação internacional;, mas, em Jerusalém, oficiais asseguraram que uma decisão ainda não foi tomada.

Depois que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, propôs a Netanyahu a formação da comissão ; que seria liderada pelo ex-premiê neozelandês Geoffrey Palmer e teria representantes de Israel, Turquia(1) e Estados Unidos ;, o primeiro-ministro recebeu telefonemas do vice-presidente americano, Joe Biden, do enviado da ONU ao Oriente Médio, Tony Blair, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy. O último não só intercedeu para que Israel aceite a ;aplicação de uma investigação confiável e imparcial;, mas pelo fim do bloqueio. Segundo um comunicado do Palácio do Eliseu, Sarkozy expressou também ;a disponibilidade da França de participar; dessas investigações.

Em uma reunião de gabinete, entretanto, Netanyahu disse a seus ministros que estava ;explorando outras opções; que não a comissão internacional, de acordo com o jornal israelense Haaretz. Apesar de o premiê considerar que os fatos devem ser investigados com ;responsabilidade e objetividade;, o governo de Israel continua defendendo a ação realizada há uma semana. Ontem, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que seis ativistas a bordo dos navios interceptados tinham ligações com o Hamas e a Jihad Islâmica ; um deles estaria, inclusive, rumo a Gaza para ;ajudar a formar unidades de comando do Hamas;.

Pelo mundo, as manifestações contra a violência usada por Israel reuniram milhares de pessoas em diversas cidades. Em Ancara, na Turquia, quase 7 mil pessoas desafiaram a chuva e se concentraram na Praça Sihiye, para protestar e ouvir a leitura de trechos do Corão. Na capital marroquina, a polícia calcula que mais de 40 mil pessoas tenham saído às ruas, e, em Beirute, no Líbano, a manifestação foi em frente à embaixada dos EUA.

Provocação
Um dia depois de Netanyahu afirmar que não permitirá que se estabeleça um ;porto iraniano; em Gaza, o governo de Teerã anunciou que os Guardiões da Revolução, tropa de elite do regime, estão à disposição para ;escoltar frotas;, levando ajuda humanitária com destino à região palestina. ;Se o respeitado guia da revolução (aiatolá Ali Khamenei) der uma ordem neste sentido, as forças navais dos Guadiões da Revolução tomarão medidas práticas para escoltar frotas para Gaza, fazendo uso de suas capacidades e seus equipamentos;, disse um assessor do líder supremo. Às margens da provocação(2) mútua entre Irã e Israel, a França propôs que a União Europeia assegure o controle dos navios de mercadorias que viajam a Gaza, e que fique encarregada também da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito.

[SAIBAMAIS]Ontem, os 11 ativistas e os oito tripulantes que estavam a bordo do cargueiro irlandês Rachel Corrie, interceptado no sábado, foram expulsos de Israel após assinarem um documento em que renunciavam recorrer à Justiça israelense contra a expulsão. Segundo a porta-voz do serviço de imigração israelense, Sabin Hadad, sete deles foram levados da Cisjordânia à Jordânia através da passagem fronteiriça da ponte de Alenby, e os outros 12 seriam repatriados por avião. A coordenadora da ONG Free Gaza na Irlanda, Niamh Moloughney, afirmou ao Correio que os cinco integrantes irlandeses, entre eles a Nobel da Paz Mairead Corrigan, chegariam ainda na noite de ontem ao país. Corrigan, segundo o governo israelense, foi uma das últimas a ser liberada por ter recusado, inicialmente, assinar a renúncia a futuros processos.

1 - Peregrinação de Abbas
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, chegou ontem à Turquia, onde participará hoje de uma cerimônia de condolências dos oito ativistas turcos e um turco-americano mortos no ataque ao navio Mavi Marmara. Ele tem um encontro agendado com o chefe de Estado turco, Abdula Gul ; no qual o tema principal será a ação israelense contra os ativistas ; e vai participar, amanhã, da Conferência de Interação e Construção de Confiança na Ásia. Na quarta-feira, Abbas segue para Washington, onde vai pedir ao presidente Barack Obama que tome ;decisões firmes; no Oriente Médio. O vice-presidente americano, Joe Biden, por sua vez, chegou ao Egito, onde tratará, com o presidente Hosni Mubarak, do conflito israelo-palestino.

2 - Banho de sangue
O papa Bento XVI pediu ontem um ;esforço urgente e concentrado; para atingir a paz no Oriente Médio e evitar ;banhos de sangue ainda maiores;. Ao encerrar sua visita ao Chipre, o líder católico entregou para os bispos um documento de trabalho preparatório para o sínodo de bispos do Oriente, no qual afirma que as ;correntes extremistas, que são claramente uma ameaça a todos, cristãos, judeus e muçulmanos, requerem ação conjunta;.