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Vannuchi pede que povo judeu não seja condenado pela ação do Estado de Israel

O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, comentou nesta quinta-feira (3/6), o ataque de Israel à flotilha com ajuda humanitária, ocorrido na última segunda-feira (31), e pediu para que não se transfira para o povo judeu uma condenação contra uma ação de Estado.

;Na hora em que o Estado de Israel faz um ataque tão truculento e odioso, as pessoas que não conhecem melhor a vida política podem puxar velhos sentimentos de preconceito racistas, antissemitas, no sentido de começar a fazer condenações aos judeus;, avaliou.

Vanucchi disse que o ataque à Flotilha da Paz, como é chamada a embarcação, foi coordenado pela linha de ultradireta que dirige o Estado de Israel e não pela comunidade judaica. ;O ataque não foi feito pelos judeus. Os judeus também protestaram. Não podemos ficar confundindo essas coisas;, afirmou, durante a abertura do Congresso Brasileiro de Saúde Mental, no Rio.

;Existe uma parte da comunidade judaica, que hoje dirige o Estado de Israel, capaz de promover essa chacina, em vez de utilizar sua capacidade militar para impedir a frota de avançar. Mas, entre os judeus, há pessoas que lutam pela liberdade e pela justiça;, completou.

O ministro lembrou que a atitude israelense foi condenada internacionalmente pelos governos de vários países, inclusive pelo Brasil, e por entidades do mundo inteiro. ;O ministro Celso Amorim [das Relações Exteriores] chamou o embaixador de Israel, que é o procedimento da praxis diplomática, para expressar claramente a repulsa brasileira àquele gesto;, afirmou.

Vanucchi contou que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) por pouco não integrava a comitiva que seguia em direção à Faixa de Gaza. Ele voltou a defender o diálogo para promover a paz no Oriente Médio.

O ataque de Israel ao navio humanitário, que navegava em águas internacionais e levava alimentos aos refugiados de Gaza, terminou com a morte de nove ativistas. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) deve investigar a ação.