O ataque de comandos israelenses contra a frota internacional que levava ajuda humanitária ao território de Gaza - no qual morreram 19 pessoas - foi alvo de críticas de toda a comunidade internacional.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou estar chocado com o sangrento ataque israelense e pediu ao Estado hebreu que realize uma investigação a fundo sobre o fato.
"Estou chocado pelas informações de que há mortos e feridos nos barcos que levavam ajuda a Gaza", declarou Ban a imprensa em Campala, capital de Uganda, onde assiste à abertura de uma conferência sobre a Corte Penal Internacional.
"Condeno estas violências. É vital que se realize uma investigação completa", enfatizou.
Os Estados Unidos também lamentaram a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, em um comunicado emitido logo após a notícia. Horas depois, o presidente Barack Obama afirmou ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu que é importante descobrir o mais rápido possível todos os fatos relativos ao violento ataque.
Os dois líderes falarm por telefone quando Netanyahu cancelou sua visita a Washington, prevista para esta terça-feira, para voltar a Israel para lidar com a crise desatada.
"O presidente expressou seu profundo pesar pela perda de vidas no incidente de hoje e preocupação pelos feridos. O presidente também expressou a importância de tomar conhecimento de todos os fatos e circunstâncias o mais rápido possível", afirmou o porta-voz da Casa Branca.
O presidente francês Nicolas Sarkozy, por sua vez, censurou o uso desproporcional da força contra a frota humanitária em Gaza e exigiu que esta tragédia seja esclarecida.
"Toda a luz deve ser lançada sobre as circunstâncias desta tragédia, que enfatiza a urgência de reativar o processo de paz israelense-palestino", afirmou o chefe de Estado francês.
O ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador de Israel em Paris, Daniel Shek, para pedir explicações sobre o ocorrido.
Em Londres, o ministro das Relações Exteriores, William Hague, pediu ao Estado hebreu que ponha fim às "inaceitáveis e contraproducentes restrições impostas às ajudas encaminhadas ao território palestino".
"Há uma clara necessidade de que Israel atue com moderação e de acordo com as normas internacionais", declarou.
A Turquia, por sua vez, chamou para consultas seu embaixador em Israel. O vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, confirmou que a Turquia pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e anunciou ter ordenado também que os preparativos para as manobras militares conjuntas com Israel fossem anulados.
Já a Alemanha - país que raramente critica Israel -comentou que a letal intervenção israelense contra um comboio pró-palestino é, "à primeira vista, de caráter desproporcional", segundo o porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm, .
"Os governos da Alemanha sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional", disse Wilhelm em uma entrevista coletiva.
O presidente palestino Mahmud Abbas qualificou a ação de massacre e decretou três dias de luto.
"Teremos que tomar algumas decisões difíceis esta tarde", disse uma fonte do gabinete palestino, mas sem revelar quais as medidas.
A Autoridade Palestina também pediu uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança da ONU para "debater a pirataria, o crime e o massacre israelense", nas palavras do principal negociador palestino, Saeb Erakat.
Por fim, o inimigo declarado de Israel, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, denunciou o ataque do Exército israelense como "um ato desumano do regime sionista", informou a agência oficial Irna.
"O ato desumano do regime sionista contra o povo palestino e o fato de impedir que a ajuda humanitária destinada à população chegasse a Gaza não é um sinal de força, e sim de fragilidade deste regime", declarou Ahmadinejad.
"Tudo isto mostra que o fim deste sinistro regime fantoche está mais perto do que nunca", completou.