O ataque efetuado nesta segunda-feira por comandos da Marinha israelense contra uma frota humanitária internacional que se dirigia para Gaza deixou pelo menos nove mortos entre os passageiros, indicou uma porta-voz militar israelense.
Segundo ela, o registro anterior de "mais de dez mortos" fornecido pelo Exército estava baseado em "informações errôneas". "Fomos informados que nove pessoas mortas durante a operação", declarou à AFP sem indicar a nacionalidade dos mortos. O Exército também indicou de sete a dez soldados feridos, sendo dois hospitalizados com ferimentos classificados de "sérios".
Uma certa confusão ocorreu durante o dia em torno do registro de mortos e feridos nos episódios de violência a bordo do barco turco Mavi Marmara, que fazia parte da frota.
Uma ONG turca em Gaza, que integrou o comboio naval, por sua parte mencionou pelo menos 15 mortos, na maioria turcos. Uma televisão israelense indicou 19 mortos antes de revisar seu registro para 10 mortos. As estimativas sobre o número des passageiros feridos durante o ataque israelense variam entre 20 e 30. Os feridos foram levados para quatro hospitauis em Israel, mas a gravidade de seus ferimentos não foi indicada.
Crise diplomática
O desenlace sangrento desta missão internacional que pretendia levar mantimentos à sitiada Faixa de Gaza levou Israel a uma grave crise diplomática, na véspera de uma reunião entre o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro israelense Benjamin
Netanyahu.
A ONU reagiu imediatamente se dizendo "chocada" e a União Europeia (UE) pediu uma "investigação completa" sobre o ocorrido. A Turquia advertiu para "consequências irreparáveis" nas relações com o Estado hebreu, com o qual mantinha uma aliança estratégica na região.
O governo dos Estados Unidos lamentou a perda de vidas humanas no ataque e informou que está analisando as circunstâncias em que foi realizado. ;Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e atualmente tentam entender as circunstâncias nas quais aconteceu a tragédia", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, em um comunicado.
[SAIBAMAIS]Israel acusa os passageiros da "Frota da Libertade" de terem iniciado a violência ao abrir fogo, uma versão contestada pelos ativistas. A ação aconteceu em águas internacionais por volta das 5h locais (23h de Brasília, domingo).
As imagens filmadas por um barco turco, e disponibilizadas na internet, mostram oficiais israelenses vestidos com roupas negras descendo de helicópteros e enfrentando os ativistas. Também são vistos vários feridos deitados no navio. "Na escuridão da noite, os militares israelenses desceram de um helicóptero para o barco turco de passageiros ;Mavi Marmara; e começaram a atirar quando pisaram no convés", afirma o site do Movimento Gaza Livre. As imagens tremidas mostram cenas de caos, com sombras de navios com mísseis israelenses ao fundo.
O Exército israelense insiste que suas tropas não abriram fogo até que foram atacadas com facas, pedaços de pau e armas de fogo. "Como consequência desta ameaça vital e das ações violentas, as forças navais empregaram meios para apaziguar os distúrbios, incluindo fogo real", afirma um comunicado do Exército.
O texto completa que os passageiros davam a impressão de querer linchar as forças israelenses. "Israel optou por uma resposta contundente e culpa os ativistas pelo acontecido. Eles iniciaram a violência. Fizemos todo o possível para evitar este incidente ", afirmou à AFP o porta-voz de Netanyahu, Mark Regev. "Lamentavelmente foram atacados pelas pessoas que estavam nos barcos, com barras de ferro, facas e armas de foto", completou.