O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (28/5) que são as armas nucleares e não os acordos com o Irã que tornam o mundo "mais perigoso", em uma dura resposta às afirmações feitas na véspera pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
"A existência de armas de destruição de massa é o que torna o mundo mais perigoso", não os acordos com o Irã, disse Lula em um discurso diante de representantes de 119 países no Terceiro Fórum das Civilizações, no Rio de Janeiro.
Lula respondia aos fortes questionamentos lançados por Hillary na quinta-feira em relação à assinatura de um acordo tripartite de enriquecimento de urânio com o Irã por parte de Turquia e Brasil.
"Pensamos que fazer o Irã ganhar tempo, permitir que o Irã ignore a unanimidade internacional existente sobre seu programa nuclear, torna o mundo mais perigoso, e não menos", disse a secretária de Estado.
Na véspera, Hillary Clinton, afirmou nesta quinta-feira em Washington que o Irã está usando o Brasil para ganhar tempo e que "é hora de ir ao Conselho de Segurança" das Nações Unidas.
Ao responder questões de jornalistas sobre a nova estratégia de segurança da administração Barack Obama, divulgada na quinta-feira, Hillary disse que os brasileiros argumentam que a pressão feita pelos Estados Unidos por novas sanções na ONU contra o Irã poderá levar a um conflito.
"Nós discordamos... nós dissemos (aos brasileiros) que não concordamos com isso, que pensamos que os iranianos estão usando o Brasil, nós achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança", disse.
Hillary informou ainda ter dito ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, que "nós achamos que dar tempo ao Irã, permitir que o Irã evite a unidade internacional em relação a seu programa nuclear torna o mundo mais perigoso, não menos".
A secretária de Estado completou que seu país e o Brasil têm "sérias divergências" sobre o programa nuclear iraniano, apesar de as relações bilaterais em outros temas serem boas.
As potências nucleares acreditam que o Irã pretende obter armas atômicas. Depois de o acordo com Brasil e Turquia ter sido assinado, foi enviado ao Conselho de Segurança da ONU um novo projeto de sanções contra Teerã, redigido pelos Estados Unidos e aprovado por grandes países nucleares que analisam o tema (China, França, GB e Alemanha).