O Brasil vai passar a ter um papel de protagonista no cenário geopolítico internacional, a partir do relatório divulgado nesta terça-feira (25/5) pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos. O comentário é do professor Helder Queiroz, do Grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista à Agência Brasil. O relatório contém previsões sobre produção e consumo de energia até 2035 no mundo e, pela primeira vez, cita o Brasil, ao lado da Rússia e do Cazaquistão, como líder no crescimento da produção de petróleo entre as nações que não fazem parte da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP).
O economista da UFRJ recordou que esse tipo de projeção não considerava o Brasil porque a produção do país atendia apenas ao mercado interno e não havia expectativa de grandes excedentes exportadores. ;A partir de agora, com o pré-sal, efetivamente isso aumenta muito. E a possibilidade de o país se tornar um exportador líquido já está sendo considerada pelas projeções internacionais de longo prazo de oferta e demanda de energia. Esta é a primeira vez que aparece nessas projeções de longo prazo uma consideração mais explícita do pré-sal para completar a oferta mundial de petróleo;.
De acordo com o documento, a produção de petróleo brasileira deverá subir de 2 milhões de barris diários, em 2007, para cerca de 4 milhões/dia em 2020 e 6 milhões/dia em 2035. Já a produção dos Estados Unidos entraria em declínio a partir de 2020.
;O Brasil está com muitos planos de uma trajetória de crescimento da produção e os Estados Unidos estariam atingindo o pico da produção em 2020;, disse Helder Queiroz. Lembrou que os Estados Unidos são o maior importador mundial e a sinalização de que a produção do país entrará em declínio em 2020 significa que ;não vão entrar novas áreas de exploração e de produção tão cedo;.
A tendência de produção declinante dos Estados Unidos abre oportunidades para o Brasil, avaliou o professor. ;Como os Estados Unidos são o maior importador, também vão estar de olho [nos países] de onde vão poder importar. Isso acaba sendo muito bom [para o Brasil];.
O relatório da matriz mundial de energia será apresentado pelo diretor do Departamento de Energia dos Estados Unidos, Richard Newell, na 33; edição da Conferência Internacional da International Association for Energy Economics (IAEE), que ocorre pela primeira vez no Brasil. Será no Rio de Janeiro, no período de 6 a 9 de junho. O professor Helder Queiroz é o coordenador da programação da conferência.