O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversará amanhã (22/5) com os representantes da Alemanha no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), dando continuidade à série de contatos feitos nos últimos dias para explicar a posição do Brasil e da Turquia sobre o acordo assinado em Teerã no início desta semana. Pelo acordo, o Irã aceita enviar 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido para a Turquia, onde o material será processado para atingir 20% de enriquecimento necessário à sua utilização em pesquisas e procedimentos médicos, mas sem potencial para uso militar.
O ministro disse na tarde de desta sexta-feira (21/5), no Itamaraty, acreditar que todos os países estão interessados na paz e numa solução negociada. "É claro que alguns assumiram compromissos prévios com determinado curso de ação", disse, referindo-se aos países que, um dia depois do anúncio do acordo em Teerã, aprovaram o esboço de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU propondo novas sanções ao Irã.
Amorim acredita que no máximo até segunda-feira o governo do Irã enviará carta à Agência Nacional de Energia Atômica (Aiea), ratificando o acordo assinado com o Brasil e com a Turquia. O envio da carta é um dos detalhes que faltam para completar o compromisso iraniano em relação à negociação.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, "tudo que nos foi indicado como sendo necessário para fechar o acordo com o Irã foi feito, faltando apenas o envio da carta. Tenho confiança de que ela será feita, porque seria um contrassenso chegar a um esforço de negociação como nós chegamos, aprovar uma declaração do mais alto nível das autoridades iranianas, receber a aprovação da grande maioria do Parlamento iraniano e tudo isso ser prejudicado pela falta de uma carta. Não creio que isso vá ocorrer".
Amorim voltou a dizer que o Brasil e a Turquia assumiram sua responsabilidade ao propor a paz e uma solução negociada, que é considerada viável. "Evidentemente", disse o ministro, "pode haver alguma circunstância que leve a outras atitudes. Mas se não houver essa circunstância, e ainda assim se persistir no curso das sanções, os países que as estão propondo assumirão suas responsabilidades".